O que será que a periferia, que representa a maior parte da população e dos consumidores, pensa sobre o “Maravilhoso Mundo da Publicidade”?
O ano era 1997 e o trecho “O seu comercial de TV não me engana, eu não preciso de status, nem fama” ressoa até hoje nas quebradas espalhadas pelo Brasil inteiro. A frase é da canção “Capítulo 4, versículo 3”, dos Racionais MC’s, e o que mudou desde então?
Vinte e três anos se passaram e as reivindicações por mais representatividade no mercado publicitário ainda não foram atendidas, ou seja, boa parte da publicidade feita no Brasil não tem diálogo direto com as culturas periféricas.
A ideia continua não batendo, a “quebrada” está na sua planilha de mídia, porém, não está na sua comunicação. Falta um rosto, uma linguagem, poucas são as marcas que possuem um papo reto com as comunidades, favelas ou periferias. A nomenclatura pode mudar, mas o tom de pele, os desejos e os gatilhos são sempre os mesmos.
Vamos de dados? Uma pesquisa realizada pela Accenture Strategy apontou que 83% dos brasileiros compram de marcas com quem compartilham seus valores pessoais. Portanto, você acha mesmo que os brasileiros periféricos estão comprando na sua loja com padrão Apple ou preferem a boa e velha comunicação prática, da pechincha ou do fácil acesso do ‘velho varejo’?
Talvez um dos principais motivos seja o baixo número de pessoas pretas e periféricas que conseguem uma cadeira nas principais agências do país. Então me responda: como você pode falar com a periferia se o máximo que você e sua equipe conhecem sobre a periferia se limita ao palco “Favela” do festival de música que você frequenta? Pois é! É como falamos por aqui: “falta vivência”.
Se eu pudesse dar só uma dica ao final desse artigo, eu diria: contrate pessoas pretas e periféricas para sua agência e, com certeza, você terá uma linha direta com os consumidores que estão sedentos para entrar em um outro patamar de “carnêzinho”.
Julio Beltrão trabalhou como PR da Avianca Brasil, onde fez a gestão do time de influenciadores da companhia aérea, além disso, teve passagem pela Multicoisas e Tubelab e hoje integra o time artístico da Mynd8