As TVs de plasma representam 64,5% das vendas no mercado brasileiro, contra 35,5% das LCD

O mercado de televisores é um dos mais estáveis que existem, com vendas ascendentes e raríssimos sustos – como o de 2009, quando houve uma queda mais brusca, a única dos últimos 10 anos. Um levantamento do IBGE/PNAD referente a 2012 revelou que os televisores estão em 97,20% dos domicílios brasileiros. Lourival Kiçula, presidente executivo da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), diz que o mercado não tem oscilado muito e que a expectativa é fechar o ano com 15 milhões de aparelhos vendidos.

“O consumidor se apaixonou pelos novos modelos mais finos, de tela plana. A velocidade da troca de aparelhos aumentou muito. Se antes a TV era um ícone que ocupava apenas a sala de estar, hoje se multiplica nos quartos da casa. Enquanto a indústria tiver a capacidade de se renovar, os resultados serão bons”, disse o executivo.

Até julho desse ano, foram vendidos cerca de 8,8 milhões de televisores. As novas tecnologias ajudaram a indústria a manter-se em alta. A Copa, no entanto, não levou a uma performance surpreendente, apesar de liquidações, facilidade de crédito e ofertas relâmpago realizadas por varejstas como Carrefour, Magazine Luiza e Casas Bahia, que levaram a um crescimento de vendas, entre janeiro a abril, de 44,89% em relação ao mesmo período do ano passado. No início do ano, a expectativa era fechar o ano com 16 milhões, o que não ocorreu e acabou acarretando uma sobra de produto no varejo.

Um estudo da GfK divulgado na semana passada revelou que o mercado de eletroeletrônicos registrou faturamento 21% maior entre janeiro e julho do que no ano passado, e as vendas de TV, que tiveram crescimento de 45% no período, contribuíram significativamente para a performance. No período da Copa, as TVs de tela fina ganharam quatro pontos percentuais de participação no mercado de eletroeletrônicos, em faturamento.

O estudo da GfK mostrou também que, nos sete primeiros meses do ano, cresceu a participação do canal generalista (supermercados, hipermercados, lojas de departamento e e-commerces sem lojas físicas) no total das vendas de eletroeletrônicos. A fatia dessas grandes redes aumentou cinco pontos percentuais, saltando de 27%, em igual período de 2013, para 32% este ano. As vendas no canal generalista cresceram 43% enquanto o desempenho das lojas especializadas subiu 13%. De janeiro a julho desse ano, o canal internet atingiu 23% de participação no mercado de eletroeletrônicos. Os produtos de tecnologia são alguns dos mais adquiridos via e-commerce no Brasil: o canal é responsável por 38% das vendas de foto, 32% de produtos de informática, 23% de telefonia e 22% de TVs.

Copa do Mundo

Até há quatro anos, não havia tantas opções de modelos e telas finas de alta tecnologia. Na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, as vendas chegaram a mais de 12,1 milhões, resultado excepcional se comparado ao ano anterior, que foi de crise, com vendas de pouco menos de nove milhões de aparelhos.

No ano passado, foram vendidos cerca de 14,8 milhões de unidades – o que torna o resultado bastante morno. Kiçula, da Eletros, acredita que isto se deve em parte ao fato das vendas terem se pulverizado ao longo do ano anterior à Copa, no lugar de se concentrarem em 2014.

Desde 2011, ano excepcionalmente bom devido a muitos lançamentos e novidades na indústria, não há grandes saltos e o crescimento em vendas tem sido modesto, porém estável ano a ano. As empresas fabricantes andam safisfeitas. A Samsung do Brasil, por exemplo, ultrapassou a China e conquistou a segunda posição em vendas globais, atrás apenas dos Estados Unidos.

As TVs de telas finas (LCD e Plasma) representam hoje 100% dos aparelhos produzidos no Brasil. Um levantamento, realizado pela GfK, aponta que os consumidores brasileiros preferem TVs com telas maiores e tecnologia mais barata. A participação dos aparelhos com mais de 50 polegadas no mercado nacional cresceu de 18,6% para 27,3%, entre final de março e final de maio deste ano. Grande parte deste aumento originou-se das telas de plasma, que registram preço bastante inferior às TVs de LCD do mesmo tamanho. Enquanto as vendas de plasma iguais ou acima de 50 polegadas representam 64,5% do total, as de LCD somam 35,5%. O aumento de vendas de TVs coincide com a desaceleração registrada nas vendas de smartphones e notebooks.

A nova tecnologia Oled com telas curvas e flexíveis, que começou a chegar ao mercado no final de 2013, ainda não decolou. O 3D também não. O próximo grande acontecimento na indústria é a extinção do sinal analógico, que será feito gradativamente entre 2016 e 2018.

Kiçula, da Eletros, diz que o projeto do Ministério da Comunicação acabará com a recepção analógica e que serão oferecidos, ainda, conversores a preços acessíveis para as pessoas que ainda tenham televisores analógicos. Paralelamente, as emissoras terão de realizar mudanças nas torres de transmissão, o que representa um grande investimento.