Sou apaixonado por TV e trabalho há 21 anos com este veículo. Quando a TV estreou em nosso país, em 1950, havia apenas 200 aparelhos televisores funcionando em todo o Brasil. Um pequeno grupo de afortunados — os proprietários dos equipamentos, seus familiares e amigos — testemunhou o momento que transformaria nossas vidas para sempre. Naquele 18 de setembro, ninguém seria capaz de imaginar o tamanho da influência que a TV teria sobre nossa sociedade, nossas relações e nossa maneira de enxergar o mundo. A TV ajudou a construir a nossa identidade.

Naquele tempo, as distâncias em nosso território eram ainda mais difíceis de serem percorridas. Unir o Brasil foi o primeiro desafio da TV. Em um país de dimensões continentais, foi a TV quem aproximou e integrou a todos. Neste processo, a TV cresceu, se desenvolveu e se consolidou como um veículo de massa. Nenhum outro meio de comunicação foi mais presente ou influente no Brasil. A TV por assinatura avançou nessa estrada, e trouxe ao país também a cultura dos canais segmentados e qualificados.

A televisão, aberta, paga ou agora em streaming, permanece sendo a mídia mais poderosa para a consolidação de marcas fortes e a ativação de negócios em todas as áreas nos mercados de produtos e serviços de consumo. Essa construção se deve, em grande parte, ao relacionamento que desenvolveu com o mercado publicitário. Agências e anunciantes realizaram, ao longo de décadas, um trabalho extraordinário no âmbito nacional e regional. Deram vitrine à criatividade do conteúdo exibido nos intervalos comerciais e valorizaram ainda mais a TV brasileira.

A CNN, projeto que lançamos neste ano em nosso país, é a caçula nesta longa e riquíssima trajetória da TV brasileira. Acabamos de completar seis meses de vida. É pouco, se comparado às sete décadas da TV, mas trabalhamos duro para conseguir um lugar nessa história. Viemos ao mundo no momento em que o Brasil mais precisou de um canal de informação. Fizemos nossa estreia três dias depois de a OMS decretar que a Covid-19 havia se tornado uma pandemia. Quase tudo o que havíamos planejado precisou ser alterado para enfrentar, junto com todo o país, essa situação de emergência, mas a previsão de um jornalismo preciso, com foco na isenção, na independência editorial e na prestação de serviços se manteve inalterada.

Levamos ao ar, todos os dias, 18 horas de jornalismo ao vivo. Deixamos aqui nossa homenagem aos pioneiros dos anos 1950, que também faziam a maior parte de sua programação ao vivo. Passar tanto tempo com a câmera aberta exige coragem, agilidade, criatividade e, em muitos casos, a habilidade do improviso. O verdadeiro DNA da nossa TV.

Respeitamos o passado, mas também sabemos que o futuro nos reserva muitas novidades. Hoje, o mundo da TV encara o desafio da convivência com novos produtores de conteúdo e distribuidores multiplataformas. O que começou como uma estrada de mão única tornou-se, nos últimos anos, um complexo de rodovias com várias pistas, sentidos e acessos. Cabe a nós, que amamos a TV e o jornalismo, entendermos e apontarmos os novos cenários que surgem e mudam a cada dia. Aqui na CNN Brasil, já nascemos com essa ideia plantada na cabeça. Se para alguns, 70 anos é muito, para nós é apenas o começo. Vida longa à televisão brasileira!

Douglas Tavolaro é CEO e sócio-fundador da CNN Brasil
douglas.tavolaro@cnnbrasil.com.br