O projeto de intervenção artística Vídeo Guerrilha, realizado pela Visualfarm, terá sua segunda edição entre os dias 17 e 19 de novembro. O objetivo da ação, idealizada pelo VJ Alexis Anastasiou, fundador da Visualfarm, é utilizar a arte e o entretenimento para promover a recuperação de espaços públicos. Realizado no Baixo Augusta, em São Paulo, o Vídeo Guerrilha utiliza projeções virtuais de vários formatos de arte contemporânea e de rua – como grafite virtual, gravura e fotografia – nas edificações da rua Augusta, com o objetivo de modificar a paisagem urbana da cidade. “Enquanto formato, o projeto busca utilizar a cidade como suporte, reinventar a lógica de apreciação da arte, levando-a para o espaço público”, explicou Anastasiou.

A primeira edição do projeto, realizada em novembro do ano passado, trouxe obras de artistas de audiovisual brasileiros e internacionais. De início, o grande desafio foi convencer os moradores da região de que uma galeria a céu aberto era uma intervenção artística positiva para o bairro, e não um distúrbio. “As pessoas não entendiam o propósito. Pelo ineditismo do trabalho, explicar para os moradores que seria algo bacana levou tempo e demandou longas reuniões com condôminos, síndicos e associações locais. Hoje não temos mais essa resistência”, comemorou Dudão Melo, diretor de comunicação da Visualfarm. Ao contrário: o projeto ganhou parceiros.

As associações de moradores dos bairros Cerqueira Cesar e Bela Vista, além do Bloco do Baixo Augusta, hoje, apóiam a ação. Dudão Melo, diretor de comunicação, e o VJ Alexis Anastasiou Projeções virtuais no Baixo Augusta reúnem obras de arte contemporânea e de rua. Para Melo, há um interesse coletivo para a revitalização daquele local. “Eles também brigam pela recuperação do bairro, querem a construção de um parque ali e colocaremos no projeto conteúdo transversal enfatizando isso”, apontou.

Para o VJ Alexis, o principal objetivo do Vídeo Guerrilha é a reapropriação simbólica do espaço público. “A arte e a reocupação urbana são os temas principais do nosso projeto. Ninguém mais contempla a arquitetura e a paisagem urbana da cidade, isso não faz mais parte da vida do paulistano. Queremos retomar isso”, ressaltou. Melo acredita que entretenimento e arte têm papel fundamental para recuperar áreas urbanas degradadas. “A revitalização da Augusta, em São Paulo, e da Lapa, no Rio de Janeiro, foi promovida pela utilização do entretenimento combinado com políticas públicas, e nosso projeto quer ser uma forma a mais de participar desse processo”, argumentou.

Ainda sem patrocinadores, o Vídeo Guerrilha é bancado integralmente pela Visualfarm e entrou para o calendário de eventos oficiais de São Paulo. Mas, no próximo ano, Anastasiou buscará captação de recursos com a Lei Rouanet, mecanismo de incentivo a projetos culturais, e o projeto deve ser levado para Brasília e Rio de Janeiro. Com a lei Cidade Limpa na capital paulista, em vigor desde 2007, os idealizadores da ação também esperam uma maior participação do mercado publicitário numa ação que julgam “inovadora e menos engessada” para ações de comunicação em mídia exterior. “O Vídeo Guerrilha precisa sustentar-se, não podemos bancar para sempre. Ele não é brecha, nem flexibilização da lei Cidade Limpa, mas aproveitamento do espaço público. Acreditamos muito no potencial da Rua Augusta como ponto de ativação e de sampling”, disse Anastasiou.

A edição deste ano acontecerá entre as Ruas Fernando de Albuquerque e Marquês de Paranaguá, a partir das 20h, entre os dias 17 e 19 de novembro.

por Keila Guimarães