Recentemente, numa conversa sobre política na ESPM, um dos professores comentou: “As eleições de outubro estão cada vez mais longe”.
De fato, a cada dia que nos aproximamos do início da campanha e da data do primeiro turno, o cenário eleitoral, em vez de aclarar-se, torna-se cada vez mais turvo e imprevisível.
Mesmo entre pessoas bem informadas, com razoável grau de politização, sequer sabe-se quem serão os candidatos à presidência (são 14 até hoje! E continua…), sem que se saiba ao certo sob qual coligação dos 34 (!!!!!) partidos registrados na Justiça Eleitoral eles participarão.
Serão perto de duas centenas de candidatos ao cargo de governador; por volta de 200 que irão pleitear uma vaga no Senado; mais de 6 mil candidatos à Câmara Federal e 20 mil às Assembleias Legislativas.
Números já suficientes para aturdir razoavelmente o eleitor médio e totalmente explosivo pelos fatores extra eleitorais que emolduram este quadro: desde o destino do ex-presidente Lula que, candidato ou não, será um fator a provocar alta volatilidade nos resultados, ao desenvolvimento das operações da Lava-Jato. Tudo leva a uma profunda distância, descrédito e rejeição ao processo eleitoral, não sendo surpresa se o número de votos nulos e brancos (somados ao absenteísmo) superar os já alarmantes 30% do eleitorado que foram registrados na última eleição majoritária nacional.
Por outro lado, essa ressaca política a que foram e continuam sendo submetidos os brasileiros trouxe um outro resultado: a indignação preocupada e a vontade de realmente mudar este cenário. Sentimentos que tomaram conta de considerável parcela da população que está arregaçando mangas e prepara-se para influir decisivamente nos resultados de outubro.
Como o quadro partidário está completamente esgarçado e a radicalização das redes sociais não conseguiu produzir nada melhor que a abjeta oferta de mortadela com coxinha, estes brasileiros indignados e inconformados estão se mobilizando em vários movimentos e se associando informalmente, ao largo dos partidos e mesmo de ideologias tradicionais de esquerda e direita.
Busca-se alterar o quadro político através dos votos conscientes, responsáveis, que serão oferecidos a políticos comprometidos com alguns fundamentos básicos que podem ser abraçados por candidatos de qualquer partido.
Um destes movimentos foi lançado nesta última segunda-feira (9) em evento que reuniu em São Paulo, profissionais de várias origens, convocado pelo nascente MOV – Movimento Voto e Ação, cujo nome deixa claro seus objetivos: colocar publicamente a questão da força do voto, para facilitar o eleitor na escolha de seus candidatos, procurando identificar neles critérios de honestidade, competência e compromisso como valores fundamentais, independentemente de partidos e ideologia.
Estrategicamente o MOV vai segmentar sua atuação para atingir seus objetivos, preferencialmente, para a eleição de deputados federais em todo o país, entendendo que será a partir da Câmara Federal que poderão ser tomadas as medidas que irão começar a construir um novo país.
Essencialmente, o MOV é uma proposta de conscientização e “call to action” a se consumar nas urnas de 7 de outubro próximo. Por isso mesmo uma ação de comunicação publicitária e certamente por isso, mobilizou vários publicitários que compareceram à reunião de fundação do MOV.
Os objetivos são ambiciosos e por isso, as necessidades idem, principalmente do talento e criatividade de nossos colegas.
Emmanuel Publio Dias é publicitário (epubliodias@gmail.com ).