Artigo publicado originalmente na edição comemorativa de 55 anos do PROPMARK

Washington Olivetto (Divulgação)

A tragédia do coronavírus inventou a semana de três dias: ontem, hoje e amanhã. Nessas semanas mais curtas e mais tensas, fiz muitas coisas aqui em Londres. Cozinhei, lavei, passei. Bebi vinho, li muitos livros, me irritei com as notícias sobre a política brasileira, assisti diversos filmes e me emocionei com os documentários Quincy, sobre o Quincy Jones, e Birth of The Cool, sobre o Miles Davis.

Escrevi coisas que não sei se vão servir para alguma coisa algum dia e criei podcasts que pretendo gravar até dezembro, se o mundo continuar existindo.

Fora isso tudo, atendi a diversas solicitações da mídia brasileira. Dei entrevistas para o Fernando Scheller, do Caderno de Economia do Estadão; para Bruna Calmon, do Reclame; gravei o Provoca, da TV Cultura, com o Marcelo Tas; escrevi um artigo a pedido das meninas do Clube de Criação que acabou sendo reproduzido também no Brazil Journal, do Geraldo Samor; fiz uma live no Glamurama, da Joyce Pascowitch; respondi perguntas do Paulo Bonfá para o talk show Totalmente Excelente, não fugi das questões do Renato Pezzotti, do UOL, e do Paulo Macedo, do PROPMARK; discuti os efeitos dos adiamentos da final da Champions League, em Istambul; e das Olimpíadas de Tóquio, com o Lucas Bonini; e falei para o programa Empresários de Sucesso, da BandNews.

Em todos esses momentos, convivi com uma mesma pergunta: o que vai acontecer com a publicidade depois da Covid-19?

Procurei responder de acordo com a linguagem e as características de cada veículo. Acho que me saí bem. Mas existe algo que eu não contei pra ninguém anteriormente, mas conto para vocês agora.

Nesses dias de quarentena, troquei ideias por telefone com amigos que dirigem agências na Inglaterra e em outros países da Europa, e todos me disseram a mesma coisa.

As agências tiveram muito trabalho nesse período, mas os clientes só quiseram falar com quem manda. Nada de segundos escalões. E a maioria dos clientes preferiu ser atendida pelos criativos.

As conclusões que chegamos nessas conversas foram que, depois do coronavírus, as agências vão diminuir de tamanho.

Tanto no número de pessoas, quanto no espaço físico, porque os grandes escritórios vão perder a razão de ser, com as agências tendo menos gente contratada e mais gente trabalhando em casa.

Por outro lado, dois tipos de profissionais saem valorizados dessa pandemia: os profissionais de criação e os profissionais de finanças.

A razão é óbvia: os acionistas das agências vão fingir que o ano de 2020 não existiu, mas, em 2021, vão querer resultados. Coisa que só quem sabe criar o produto final e controlar o dinheiro é capaz de fazer.