Mudança é palavra de ordem no mercado da propaganda como um todo, mas especialmente para as agências do grupo WPP, a lógica é ainda mais evidente. Com o anúncio de Mark Read como novo CEO do grupo em setembro, muitas transformações (e fusões) estão sendo realizadas, com impacto direto no mercado brasileiro. Mas Pedro Reiss, que acaba de completar um ano como CEO da Wunderman no país, tem centralizado os seus esforços em cuidar do quintal de casa e deixar para os executivos globais o debate sobre possíveis futuros para a agência no Brasil e no mundo.
Segundo Reiss, 2018 foi marcado pela organização de processos internos, implemetação de projetos de incentivo e promoção, além do desenvolvimento de manuais colaborativos para tornar o ambiente mais profissional, diverso e engajado. A chegada de Adriana Massari, em setembro, como diretora de recursos humanos reforçou essa proposta de trazer mais qualidade para o ambiente de trabalho.
“Com a implementação de políticas de cargos e salários, mostramos que não é preciso pular de agência em agência para conseguir crescer. Nossos colaboradores podem fazer isso aqui dentro. Essa é apenas uma das partes para ter um time engajado. A outra é ter um ambiente de trabalho que as pessoas sejam ouvidas”, ressalta o executivo. Nesse sentido, ele conta sobre a dinâmica Papo reto, que traz mensalmente à agência convidados de fora ou da própria casa para responder perguntas da equipe e para discutir assuntos atuais.
Outra iniciativa criada recentemente foi o manual antiassédio, um dos primeiros documentos sobre o tema desenvolvidos por uma agência de publicidade brasileira. Criado de forma colaborativa entre os funcionários da Wunderman, o documento está disponível na internet com direitos livres para uso, dessa maneira, outras agências podem usar como modelo e implementar também em seu ambiente de trabalho.
A ideia surgiu depois da apresentação da pesquisa sobre assédio no mercado publicitário feita pelo Grupo de Planejamento de São Paulo. Segundo Reiss, essa foi a forma da agência de contribuir com a discussão. “A gente decidiu publicar esse documento open source há duas semanas para quem quiser e fazer o download. Até agora tivemos uma repercussão enorme. Esse projeto é um exemplo muito legal, nos mostra que quando a empresa cria um ambiente saudável, as pessoas fazem acontecer”.
Relevância e valor
Diante de tantas mudanças, uma questão permanece imutável: se manter relevante para os clientes. Segundo o executivo, 2018 foi marcado pelo melhor desempenho financeiro da agência nos últimos quatro anos, com um crescimento de faturamento de 20%. O resultado reflete a estratégia de desenvolver novos projetos dentro de clientes já estabelecidos, como Vivo, Dell, Cielo e Shell. “O maior exemplo que temos nesse sentido é com a Cielo, um cliente com que só fazíamos digital, mas que começamos a desenvolver 100% da sua comunicação. 2018 foi um ano importante para a agência. Mesmo com o mercado pegando fogo, conseguimos fazer trabalhos relevantes”.
Para manter o ritmo no ano que vem, o executivo aposta na ascensão do customer experience, ou seja, o desenho das estratégias de marca a partir da jornada do consumidor. Recentemente, a agência criou uma área de design de serviço e mapeamento das jornadas de consumo a partir de diversas tecnologias. A ideia foi trazida pela operação da Wunderman Londres, e fornece ao cliente recomendações de como se posicionar no ponto de venda, soluções para o digital, endomarketing ou qualquer outro serviço que seja necessário com base nas informações colhidas.
A chegada recente de Alvim Shiguefuzi como diretor-executivo de criação dá novo corpo ao projeto. “Estou muito feliz com a chegada do Alvim. Ele tem a qualidade de pensar nas melhores ideias que atendam aquela necessidade do cliente e depois a gente pensa em formatos. Gosto de trabalhar assim. Ele tem uma concepção de ideias sofisticada, craft impecável. A gente vai ver o resultado dessa mudança na criação logo no começo do ano que vem”.