A principal novidade do programa Young Lions Brazil 2016 é que a idade máxima aumentou de 28 anos para 30 anos. Os candidatos nascidos após 25 de junho de 1985 podem participar da seleção deste ano. “O objetivo do Young Lions é, cada vez mais, ser um programa de aperfeiçoamento para profissionais que já estejam estabilizados em suas carreiras. Então se afasta da ideia de recém-formados ou estudantes”, argumenta Emmanuel Publio Dias, coordenador nacional do Young Lions Brazil.
Nos próximos dias, serão abertas as inscrições. Realizado pelo jornal O Estado de S.Paulo, representante oficial do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, e organizado no Brasil pela Editora Referência desde 1995, o programa já selecionou e enviou a Cannes 398 profissionais brasileiros em várias categorias, incluindo criação, mídia, planejamento, digital e anunciantes. O prazo de inscrições vai até a primeira quinzena de março.
“São 22 anos do programa e, a cada ano, os ex-Youngs estão assumindo funções e papéis cada vez mais relevantes na propaganda mundial. Isso mostra que estamos certos em focar a excelência profissional e internacional como o principal objetivo do programa”, opina Publio Dias.
O número de vagas será definido conforme o número de patrocinadores. “Será um ano difícil. A gente vai lutar pelo máximo de patrocínios, mas não tem como garantir o número de vagas. Talvez algumas categorias não existam”, comenta. Por outro lado, a crise aumenta as oportunidades. “É o momento de tentar coisas novas. Umas das novidades é a categoria de criação, que será unificada tendo em vista a realidade do mercado que os criativos trabalham em qualquer plataforma, tanto on como off”, adianta Dias.
Está em análise uma mudança no regulamento nacional para instituir a categoria de Criação Nacional, que vai englobar diretor de arte, redator, design, cyber e filme. “No ano passado, a dupla que conquistou a medalha de bronze em design era de diretores de arte”, conta o coordenador.
No julgamento são avaliados a excelência do trabalho criativo, o potencial de desenvolvimento do profissional e a sua integração com o meio profissional. Além dos Youngs selecionados para compor a delegação brasileira, os jurados escolhem também, entre os indicados, os times brasileiros que vão participar da Young Lions Competition, a competição que é realizada durante o festival nas categorias Print, Film, Cyber, Media, Design, Young Marketers e PR. As duplas recebem o briefing durante o Cannes Lions e têm um prazo de 24 horas para criar e apresentar o trabalho. De acordo com Publio Dias, o Brasil tem se desempenhado muito bem e permanece como líder do ranking, com maior número de medalhas.
O restante do regulamento permanece igual. Para participar, é necessário estar morando no Brasil no momento da inscrição e nunca ter participado do Cannes Lions em qualquer categoria. Nos últimos anos, além da etapa nacional, têm sido realizadas três regionais, em Porto Alegre, Rio de Janeiro e Curitiba.
A primeira fase será o short list com votação online. Na segunda fase, serão selecionadas as 50 melhores pastas escolhidas pelos ex-Youngs. Estas pastas e os vencedores das regionais serão avaliados pelo júri presencial, na terceira e última fase. O júri nacional vai ser formado por ex-Youngs indicados pelos organizadores e pelos apoiadores das categorias de competição, como Clube de Criação, IAB, Apro e Abedesign.
“Neste júri, temos profissionais ligados a todas as categorias de competição. O mesmo júri de criação vai indicar as melhores pastas e os delegados que vão participar de Print, Cyber, Film e Design”, conta. Antes tinham nove categorias diferentes. Agora, as de criação serão unificadas. As outras categorias são Planejamento, Mídia, Atendimento, Cliente e PR.
“O Young Lions é um projeto que busca a valorização do profissional e, consequentemente, do mercado em que ele está inserido por meio de um processo que identifica, a cada ano, os mais talentosos e promissores profissionais em início de carreira”, afirma.
Premiados
No ano passado, por exemplo, o número de prêmios conquistados pelos ex-participantes do programa brasileiro foi maior que o total de prêmios conquistados pelo Brasil no festival. “Os Youngs do Brasil ganharam, no passado, 170 Leões e três GPs. Isso é mais do que o Brasil ganhou (107 Leões e um GP)”, compara o coordenador.
Segundo Publio Dias, de cada dez Leões que o Brasil ganhou em todas as categorias no ano passado, em oito tinha um Young na ficha técnica, incluindo o GP de filme. “No ano passado, o Brasil levou uma delegação de 19 jovens e participou da competição nas categorias de Press, Design, Cyber, Media e Film. Ganhamos duas medalhas de bronze, uma em Design e outra em Cyber. Com isso, o Brasil continua sendo o país mais premiado desde que surgiu a competição, em 1995. “Nunca deixamos de ser o primeiro lugar”, afirma.
“O Young Lions virou uma referência para o mercado e uma porta de entrada para o sucesso. O programa evoluiu junto com o festival. Antes era uma categoria só e hoje são oito categorias. Esse processo de internacionalização acompanha a inserção do Brasil nos mercados mundiais. Nosso objetivo é ser um banco de talentos da excelência profissional em comunicação e criação no Brasil”, completa.
Este ano, a campanha publicitária para divulgação do projeto está sendo criada pelos ex-Youngs Rafael Pintanguy, Guilherme Ache e Felipe Ribeiro, da Africa.
Lista de peso
A lista de ex-Youngs reúne nomes de peso da publicidade brasileira. São vários exemplos, como Sophie Schonburg, VP de criação da Pereira O’Dell; Denis Kakazu, diretor de criação da Ogilvy Londres; Fernando Campos, sócio-diretor de criação da Santa Clara; Ricardo Chester Amaral, redator da AlmapBBDO; e muitos outros.
A importância do programa é destacada pelos profissionais que já participaram. “O Young é um vestibular. Não quer dizer que quem não passe terá carreira ruim. Apenas mostra que quem consegue fica mais próximo do sucesso”, diz Marco Bezerra, diretor de criação executiva da JWT Dubai.
Quem passou pela experiência lembra com orgulho. “Fui Young em 1998. Estava na DM9 e tinha acabado de chegar de Porto Alegre. Ir para Cannes foi descobrir que o mundo é muito menor do que nós imaginamos. Que era possível competir de igual para igual com os melhores do mundo. E exatamente naquele ano, a DM9 conquistou o prêmio Agency of the Year – foi a primeira vez que uma agência que não fosse americana ou europeia conquistou este troféu. Imagine um garoto de 20 e poucos anos vendo tudo aquilo ao vivo, bebendo champanhe com Tomás Lorente, Nizan Guanaes, Carlos Domingos, Ehr Ray, Jader Rosseto, Pedro Capeletti, Affonso Serra… Foi também o ano em que a campanha Think Different, da Apple, ganhou tudo. Eu fotografei todo o short list de press and pôster, ainda em uma câmera com negativo, anotei todos os filmes do short list. Lembro-me de ter segurado o troféu de Agency of the Year na mão durante as comemorações e pensar: no ano que vem eu preciso conseguir, nem que seja um short list. Em 1999, conquistei quatro Leões, sendo dois de ouro. E a DM9 foi, novamente, a Agency of the Year. Ah, que saudade do Tomás Lorente. Foi tudo, inclusive a minha carreira, obra dele”, conta Ale Lucas, diretor de cena e sócio da BossaNovaFilms.
“Estamos criando uma geração de vencedores da melhor qualidade no mundo inteiro. Por isso, o mercado precisa apoiar. Os Youngs hoje ocupam os principais cargos de direção de agências brasileiras e internacionais”, finaliza Ale Lucas.