Valéria Campos

Da Espanha ao Brasil, nos idos de 1952, José Zaragoza trouxe na bagagem uma veia artística e quatro anos de estudo na escola de Belas Artes de Barcelona. A pintura e as artes plásticas entraram cedo na sua vida: aos 14 anos já desenhava e, assim, pôde começar a montar um portfólio, que aqui em São Paulo lhe garantiu o ingresso ao mundo publicitário. O jovem Zaragoza começou sua carreira na publicidade na J.Walter Thompson, depois de exibir sua arte na agência. “Na época, era raro utilizar fotografia na propaganda, utilizava-se desenhos nos layouts. Por isso me contrataram, após avaliarem o potfólio”, lembra Zaragoza.
A partir daí, universos aparentemente díspares – o idílico da arte e o real calcado em resultados da publicidade – fizeram parte definitivamente de sua trajetória. Zaragoza garante que, desde os 14 anos, não passou um dia sequer sem desenhar, pintar ou trabalhar numa criação artística. “Todos os dias entro na DPZ às 9h e vou para meu estúdio de arte por volta das 15h30 e fico lá até 21h30, 22h”, conta o sócio-diretor da DPZ.
Com esse cotidiano dividido entre pinturas e frames, desenhos e spots, ou de esculturas e anúncios, o artista-publicitário reúne 50 anos de arte na sua mais nova exposição: “Zaragoza – Meio Século – Revisão”, que acontece no Mube (Museu Brasileiro da Escultura), a partir do próximo dia 9.
No dia 8, um coquetel com convidados marca a abertura do evento e o lançamento do livro de retrospectiva da carreira de Zaragoza. A exposição segue até o dia 7 de dezembro. “Apesar de ser muito conhecido na publicidade, me considero mais artista do que publicitário”, revela Zaragoza. Afinal, quando chegou ao Brasil era artista plástico, tendo já realizado algumas exposições coletivas na Espanha, antes de enveredar pelos caminhos da propaganda.
No Brasil, suas carreiras – artística e publicitária – ganharam fôlego. Ele participou de três Bienais entre os anos 50 e 60. No mercado da propaganda, depois de criar o estúdio Metro 3, no início dos anos 60, com Francesc Petit, Zaragoza fundou em 1968, com Petit e com Roberto Dualibi, a DPZ.
Nessa trajetória, Zaragoza acumulou prêmios e experiência – como artista e como publicitário. Em 1965, por exemplo, recebeu o 2º Prêmio Probel – Museu de Arte Moderna de São Paulo, além de ter realizado inúmeras exposições nas principais capitais do Brasil e de outros países, como em Paris, Barcelona, Madrid e Nova York.
Na publicidade, além de criar inúmeras campanhas de sucesso, ele representou o Brasil no júri do International Advertising Film Festival, em 1970 e 1974, em Veneza e foi um dos fundadores do Clube de Criação de São Paulo, sendo seu primeiro presidente, entre outras contribuições para a profissão. E, como não poderia deixar de ser, seu trabalho – nas duas áreas – evoluiu conforme seu amadurecimento, passando por diversas fases, todas expostas no Mube. Desde as primeiras, até a mais recente: “Retratos imaginários” ou a fase amarela.