1. Em mais uma edição do Arena do Marketing, promovido pela Folha em parceria com a ESPM, o entrevistado-convidado, Marcos Quintela, presidente da Y&R (Grupo Newcomm), iniciou sua participação falando do começo da sua vida profissional no setor do entretenimento.

Quintela lembrou dos tempos de criança, fazendo ponta na programação da Globo. Mais tarde, já na adolescência, integrou o grupo Dominó, versão brasileira dos Menudos.

Seu despertar para os negócios, afirmou, começou aí, quando seus companheiros de grupo preocupavam-se no manejo dos instrumentos musicais e ele enxergava um pouco mais adiante, na receita dos shows que nem sempre cobriam as despesas.

A partir de 1991, virou agente da apresentadora Eliana, integrando-se de vez no show business. Trabalhou muito, ganhou dinheiro, revelou talentos, assistiu a muitos fracassos e teve a sorte, segundo faz questão de registrar, de conhecer em 2004 o empresário-publicitário Roberto Justus, já com 30 anos de atividades como empreendedor do meio.

Justus o convidou para montar inicialmente uma agência de promoção e eventos, ponto de partida no Grupo Newcomm para chegar à presidência da Young & Rubicam em 2010, tornando-se sócio do grupo.

Este introito em um espaço editorial é de certa forma proposital, sinalizando para a evolução do entretenimento na comunicação do marketing e o seu casamento cada vez mais estreito com as disciplinas da mesma.

O profissional – hoje empresário – que começou cedo a colocar a sua vocação à disposição do mercado, identificando rapidamente o seu verdadeiro lugar no complexo mundo da comunicação, preside a maior agência de propaganda do país pelo ranking de faturamento, posição por esta ocupada já há anos seguidos.

Diante dessa constatação, convém lembrar a observação de José Francisco Queiroz, vice-presidente de marketing da ESPM e anfitrião de Quintela no evento, juntamente com a jornalista Patricia Campos Melo, da Folha.

Segundo Queiroz, a atual geração de estudantes de marketing e propaganda tem como objetivo número um montar o seu próprio negócio, contrariando gerações imediatamente anteriores da escola, cuja meta era a obtenção de um emprego em uma grande agência de propaganda.

Na carona da observação de Queiroz, Quintela assinalou que a era pós-digital tem provocado uma série de impactos na vida das pessoas, abrindo maior número de espaços para novas empresas, novos produtos e serviços em todos os ramos da economia.

E completou recomendando o detalhe mais importante em todas as épocas: o preparo, a busca do conhecimento, a boa formação profissional.

Uma boa notícia para os criativos foi o presidente da agência nº 1 do nosso mercado reconhecer que a criação publicitária é e sempre será a alma do negócio.

2. Notícias desencontradas sobre a aquisição pela Petrobras da refinaria de Pasadena, assunto que se arrasta há semanas no noticiário nacional, desembocando no início da Semana Santa com a versão oficial em uma página paga pela Petrobras nos principais jornais e revistas do país – além do espaço publicitário nos meios eletrônicos – aproveitando depoimentos no Congresso Nacional da presidente da empresa estatal Graça Foster e do seu ex-diretor Nestor Cerveró, tendem a esfriar daqui para frente.

Mas, fica a sensação para o contribuinte mais sensato de que houve algo de podre no reino da Dinamarca. Tudo porque a diferença entre US$ 42,5 milhões pagos pela Astra na obtenção da refinaria (ou mesmo US$ 360 milhões com gastos adicionais feitos pela empresa belga) e o exorbitante valor de US$ 1,2 bilhão investido depois pela Petrobras para adquirir a mesma refinaria é exatamente isso: exorbitante.

A tranquilidade demonstrada por Graça Foster, mesmo quando admitiu ter sido um mau negócio para a Petrobras, nas suas explicações aos parlamentares, e que foi repetida por Nestor Cerveró, poderia ter sido suficiente para acalmar os ânimos gerais. Foram no mínimo bons atores.

Mas a enorme diferença de valores – o “x” da questão – não teve defesa, a não ser na tentativa feita por ambos de separar bem as duas épocas de ambas as transações: a da compra pela Astra e, depois, a da compra pela Petrobras.

Se essa distância de datas fosse de décadas, seria até plausível a colossal discrepância de valores. Décadas, porém, não cabem entre 2006 e 2012. Ninguém quer destruir a Petrobras. Daí o inconformismo.

3. As trapalhadas oficiais – para dizer o mínimo – não param por aí. De uns tempos para cá, bastar consultar o noticiário de todas as plataformas, diariamente, para observarmos sem dúvida, com um misto de revolta e até tristeza, que elas se multiplicam.

Quem tomou conhecimento da suspensão da divulgação da Pnad Contínua (pesquisa que mede o desemprego nacional, desenvolvida pelo IBGE) percebe que os erros replicam nos mais diferentes setores onde o governo atua (e atua quase em tudo).

Em ano eleitoral como este, o aumento da divulgação de equívocos (vamos chamar assim) é constante. A impressão que fica desta feita, porém, é a de que há um descontrole geral na gestão nacional, proporcionando frases vindas da chamada voz do povo, que têm contribuído para um pensamento nacional pouco favorável à administração pública: “O país está quebrado” é uma delas. Outra: “Até quando vamos aguentar esses desmandos?”.

Há muito mais no repertório nacional, que deveria preocupar quem ocupa o poder e não provocar reações de desavenças juvenis.

Governar um país do tamanho do Brasil e do tamanho dos seus problemas é mais sério do que parece.

4. Humberto Mendes, vice-presidente da Fenapro e colaborador bissexto do propmark, em e-mail: “Acabei de ler a matéria ‘Concorrências provocam críticas…’, no propmark de 14/4. Esse assunto sempre permeou as nossas discussões não só na Abap Nacional, como também aqui na Fenapro. Trata-se de um tema que jamais se desatualiza, infelizmente. Em 2009 a Fenapro e a Aba publicaram em conjunto o Guia da Melhor Prática, para a seleção de agências de propaganda, onde procuramos colaborar para a melhoria das relações entre anunciantes e agências, visando minimizar a maior parte dos problemas citados na matéria do propmark. Por oportuno, acabamos de colocar no mercado nova edição revista e atualizada do Guia, pois acreditamos que é possível haver maior transparência, ética e profissionalismo na relação agência e anunciante. Exemplares à disposição dos interessados, bastando solicitar pelos fones (11) 3816-2238 ou 3816-0231, ou acessar www.fenapro.org.br”.

Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2494 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 21 de abril de 2014