Trazer inovação para o dia a dia de trabalho das equipes pode ser mais simples do que se imagina. Para isso, muito se fala sobre a metodologia do Design Thinking, cujo objetivo é encontrar soluções inteligentes através de insights dos próprios colaboradores que estão imersas no projeto, ao invés de decisões unilaterais e verticalizadas.
Nesse novo mindset que vem invadindo – ainda que timidamente – as agências de publicidade e produção de conteúdo, o foco é a geração de empatia. É estimular que os envolvidos em um projeto conheçam as alegrias e dores de todas as fases e produzam soluções em conjunto, que vão impactar toda a cadeia de processos.
A metodologia do Design Thinking traz a maneira de trabalhar dos designers, de criar algo para alguém; de criar uma necessidade ou solução que você nem sabia que tinha ou que poderia entregar – e que isso pode ser desenvolvido por qualquer pessoa.
Sabe aquela velha expressão: duas cabeças pensam melhor do que uma? No Design Thinking, várias cabeças pensam melhor de que uma. Ao adotar esse novo mindset, os líderes de projetos passam a ter a missão de incentivar todas as cabeças do seu time a experienciar essa nova abordagem, no intuito de transformar os processos de trabalho e criar soluções que vão impactar diretamente na rotina e no bem estar de toda a equipe.
Primeiro, é preciso ir por partes. O Design Thinking não promete resolver todos os problemas de uma só vez – até porque se propõe a solucionar problemas complexos. Não adianta pensar que depois de 5 horas de imersão com a equipe e alguns post its vão resolver os problemas de processo e de relacionamento que as pessoas vêm enfrentando.
Para implementar esse mindset é preciso incentivar a mudança de cultura nas organizações e estudar muito. Há várias maneiras de trazer a metodologia para os projetos. Uma delas, que é uma boa dica para começar, é dividir a imersão com o time em quatro fases: what is (o que é?), what if (e se?), what wows (momento uau), what works (o que funciona?). E uma dica: cronometre tudo, sempre. As ideias que surgem num tempo curto são valiosíssimas.
What is?
O primeiro passo é escolher suas batalhas. Reúna sua equipe – mas não deixe que elas formem as panelinhas de sempre – separem-nas. Faça com que as pessoas se misturem. Distribua post its para cada uma delas – para que eles possam expressar livremente suas ideias sem que a voz dos líderes de cada grupo sobressaia. É importante que todos possam manifestar suas opiniões – e então comece com a fase de observação e expansão para entender o que é o projeto. Muitas possibilidades e problemas são apontados nessa fase, dos mais óbvios aos mais loucos – não perca de vista nenhuma premissa levantada aqui – a equipe expande os pensamentos e volta a convergir para afinar os insights em torno do que, àquela altura, é o mais gritante ou o que mais incomoda.
What if?
Aqui a equipe volta a expandir e a pensar em todas os requisitos ou possibilidades que eles gostariam que o projeto pudesse atender. Essa fase é interessante porque é nela que surgem muitas ideias que não impactam em absolutamente nada o orçamento do projeto, mas apenas um rearranjo de processos, que já deixaria as pessoas muito mais confortáveis dentro da dinâmica de trabalho. Você ficaria curioso ao ver como as pessoas, ainda que de diferentes funções, são capazes de trazer soluções para áreas alheias, depois de compreender um pouco as dores e as alegrias de cada nicho.
What wows?
É aqui que a inovação acontece. A partir dos insights levantados nas etapas de expansão e convergência anteriores, é possível diagnosticar soluções que são viáveis financeiramente, tecnicamente possíveis e o que as pessoas desejam. O ponto de interseção é o que chamamos de momento WOW e é, enfim, onde a inovação acontece. De acordo com a disponibilidade de orçamento e técnica, são avaliadas as ações que vão receber investimento e quais ações são possíveis de serem implementadas sem custo algum.
What works?
Essa é a fase de implementação das soluções diagnosticadas para um novo ciclo do projeto. A reestruturação dos fluxos e processos de trabalho é traçado e implementado. Depois um tempo é preciso reiterar o projeto – um dos requisitos fundamentais do Design Thinking. É preciso voltar reiteradamente em pontos focais do desenho traçado para entender se as ações implementadas estão dando resultado.
Toda mudança gera desconforto e é preciso estar preparado para lidar com ela. Mas o processo disruptivo que o Design Thinking provoca, trazendo as pessoas para criar soluções, atenua ou até mesmo afasta o desconforto criado por uma decisão impositiva. A chave para essa questão é envolver mais as pessoas que participam ativamente dos projetos. Assim, elas trazem soluções reais e se sentem inseridas no processo de tomada de decisão, aumentando o sentimento de pertencimento da equipe, a empatia e satisfação no ambiente de trabalho.
Julia Sales, head de Projetos na Massiv, produtora de conteúdo audiovisual da divisão de Brand Publishing do Grupo Webedia Brasil