A publicidade nunca mais será a mesma. As campanhas premiadas tinham uma receita infalível: muita verba, um bom planejamento que contemplasse um filme para TV, um spot para rádio e peças para mídias impressas para colocar o bloco na rua e pronto. E, claro, era preciso uma boa dose de criatividade. Restava esperar pelo retorno do investimento, que nem sempre vinha ou, quando vinha, não permitia mensurar qual canal ou mesmo qual mensagem gerou maior impacto e engajamento com os consumidores.

O digital chegou para transformar o mundo, a propaganda apenas faz parte disso. A antiga receita de muita grana, criatividade e veiculação em alguns poucos meios não funciona mais. O nome do jogo agora é conversão, performance, otimização, resultado. Para entrar na disputa, conquistar e fidelizar clientes é preciso entender o que poucos entendem: de tudo, um pouco, um muito.

Isso mesmo, muito conhecimento sobre muita coisa. Para atingir o máximo de performance é preciso não apenas saber, mas dominar profundamente muitas disciplinas novas – fora as que foram completamente renovadas. A gente está acostumado a falar “do digital”, mas “o digital” sozinho não existe como coisa ou disciplina. Ele representa uma nova constituição para muita coisa que já existe e para muitas outras que surgiram, como big data, analytics, omnichannel, social media, search, programmatic, cx, e-commerce, digital trade marketing, influencer marketing.

Quantos conceitos aprendemos nos últimos anos que não nos foram, e continuam não sendo, ensinados na faculdade? A verdade é que a nova agência não é uma agência. É uma empresa que somente por meio de tecnologia, dados e comunicação vai trazer respostas e resultados para os mais diversos problemas que uma marca enfrenta atualmente. A transformação digital, buzzword que vem sendo utilizada em diferentes contextos por muitas empresas, é apenas uma enorme embalagem que do lado de dentro reúne dezenas de desafios que as empresas, em diferentes estágios de maturidade digital, vão enfrentar no curto, médio e longo prazo.

Sejam quais forem suas credenciais, é preciso entregar muito mais do que simplesmente comunicação, tecnologia e dados de forma isolada. A verdadeira oferta de valor está na conexão dessas áreas, que devem colocar o consumidor no centro e buscar não apenas fortalecer marcas, mas sim consolidar relações e gerar negócios, aprimorar a performance. Para as marcas, ter diferentes parceiros nessas áreas é
um enorme desafio de gestão, estratégia e planos táticos – que, para funcionar, exigirá domínio das disciplinas digitais a fim de que tudo siga no trilho.

Vale lembrar que, neste momento, a formação e atualização de profissionais também está em revolução. As faculdades ainda ensinam teorias aprendidas há mais de 10 ou 20 anos – elas não ensinam o que se precisa saber hoje. A verdadeira transformação digital só caminha a passos largos quando os colaboradores de uma empresa passam a beber da fonte de inovação digital todos os dias. E este é mais um dos novos papéis desta nova parceira das marcas: transferência de conhecimento. As marcas não vão mais pagar pela execução de ideias e bonificação por veiculação, mas sim por estratégias de negócios e serviços multidisciplinares que gerem as mudanças necessárias para seu negócio prosperar num mundo imprevisível.

O digital virou core business de todo tipo de negócio, em todas as indústrias. Em outras palavras, empresas de qualquer setor ganharam o sufixo tech: edtechs, agrotechs, adtechs, healthtechs, logitechs, insurtechs, fintechs… Bem-vindo à era da digitalização de tudo.

Thiago Bacchin é CEO da Cadastra (thiago@cadastra.com).