Afinal, do que se riem as hienas? Estamos vivendo um momento crucial em nosso país, aos poucos se livrando de graves erros de um passado recente, mas adquirindo outros que podem não ser revestidos de desonestidade, naquilo que essa palavra tem de pior, mas exalam uma falta de preparo para a arte e o exercício de governar, que pode com o tempo deixar boa parte da população com saudades do que nos levou ao caos.

Já está mais do que na hora de o Brasil se acertar, de o presidente da República formar um grupo de notáveis, sem cargos no governo, para ouvi-los a respeito do que mais precisamos e como implantar.

Assim fazem as grandes corporações e até mesmo governos bem-sucedidos: procuram ouvir de gente talentosa conselhos que não precisam necessariamente ser seguidos, mas servem de orientação para o caminho a ser seguido, como uma espécie de bússola a indicar o norte em meio à falta de lucidez que diariamente assistimos.

Bolsonaro é bem-intencionado? Acreditamos que sim. Mas uma andorinha só não faz verão, ainda mais em um país gigantesco e tão conturbado como o nosso, onde se xinga até o jogador que perdeu o pênalti.

Se não nos atentarmos para pôr a casa em dia, o que só poderá ser feito com gente de talento, como os conselhos de grandes empresas que se atrevem a ditar o rumo errado a ser corrigido, iremos sempre de mal a pior, deixando até de vender ilusões à população, como sugeria Maria Antonieta na França dos Luízes, ao aconselhar a população que não tinha mais pão a comer brioches. Não tardou a Revolução e as afiadas guilhotinas, que não pediam licença para degolar os que se riam como hienas do infortúnio alheio.

Sim, não chegaremos a esse ponto, o Brasil evoluiu até em comparação a um passado recente de enormes desigualdades sociais. Porém, de uns tempos para cá, paramos nossos relógios e escondemos nossos calendários, fingindo não ver o tempo passar, como na canção de Chico, mas enquanto uma canção é apenas isso, a vida real é a que pode nos mover para as piores e as melhores coisas, dependendo do que realmente desejamos e, por desejar, lutamos.

Ouvimos de um rapazote, dia desses, em uma rua de São Paulo, uma frase que nos fez pensar: “O Brasil, quando mais avança do ponto de vista social, mais retrocede”.

A conversa continuou numa roda de amigos da mesma idade, mas conseguimos registrar somente esse trecho verdadeiro e assustador, que nos faz comparar o país a uma gangorra, com seus lados ora mais pertos do céu, ora mais pertos do inferno.

Pergunto ao leitor, que deveria estar esperando aqui um texto sobre marketing ou propaganda, condizente com a nossa proposta editorial, o que pensa disso.

Por certo, não dará a resposta que se espera, por também estar indignado com o que assistimos diariamente, com a nossa incapacidade de corrigir nossos erros tamanhos e com a nossa demonstração de espanto com o aumento da desorientação popular que a cada dia piora.

O Brasil tem jeito? Deve ter, porque outros povos já passaram pelo que de há muito estamos passando e encontraram suas soluções.

Mas temos de admitir que os nossos horizontes estão fechados, faltam-nos algumas qualidades que tanto ajudaram aqueles povos dos quais acima falamos.

 Falta-nos principalmente definirmos o que realmente queremos. Parece fácil a pergunta, mas qualquer plebiscito popular em todo o país, contendo apenas essa questão, terá como resultado final milhões de respostas díspares, a refletir nossa imensurável falta de objetividade.

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Voltemos ao mundo da propaganda, que deu origem ao PROPMARK, embora sob outra denominação (Asteriscos), mas com os mesmos princípios que nos norteiam desde 21 de maio de 1965, quando a maioria dos nossos leitores sequer era nascida e muitos dos então adultos já nos acenaram com o seu canto do cisne.

Não restam dúvidas de que, mesmo com as nossas dificuldades econômicas que estão demorando a passar, embora já emitindo sinais de melhoras, temos de reconhecer, até para sorte deste periódico, que prosseguimos produzindo o que de melhor se faz no planeta em termos de comunicação do marketing.

Não é à toa que o Brasil emplaca os melhores prêmios e os primeiros lugares nos festivais do setor que se espalham pelo mundo. E essa condição tem muito a ver com o nosso espírito lúdico, que se faz sentir com intensidade na música e nas artes populares em geral, produzindo farto material para aproveitamento na comunicação publicitária, onde mais se precisa da criatividade para convencer multidões a adotar novos hábitos de consumo, a preferir determinada marca de um mesmo produto por outra, a encher de brilho as telas que já não são mais de cinema e tevê, mas dos milhares de vídeos que invadem as redes sociais, valorizando a luta pela decisão do consumidor.

E este país que deveria com os seus exemplos se espalhar sobre os demais – todos eles chamados Brasil – emprestando suas ideias que se renovam a cada dia, para o imenso país territorial onde vivemos, poder não apenas se gabar de ser a oitava economia do mundo, mas provar isso a cada cidadão que aqui nasceu ou por este país optou.

Chegará o dia, e não está longe, que daremos risadas dos nossos atrasos passados, descobrindo finalmente que a grande batalha a ser travada não é pela eleição de A ou B, mas pelo aumento do nosso índice de exigência, que ainda é muito baixo para um país com tanto potencial.

Não estamos distantes disso.

 

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A presente edição começa a circular na manhã de sábado (24), alcançando o início do Fórum de Marketing Empresarial, em sua décima edição e do qual o PROPMARK é parceiro desde a primeira versão, contribuindo com a equipe de profissionais do Grupo Doria para apresentar a cada ano um evento mais completo e atualizado sobre os problemas da comunicação do marketing que, uma vez diminuídos, contribuem para um país melhor para todos.

 

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Em nossa próxima edição (data de capa 2 de setembro, início do período brasileiro sempre mais agradável), traremos cobertura completa do 10º Fórum, para quem não pode ir tomar conhecimento do que foi dito, mostrado e discutido, revelando cases de sucesso concreto ou ainda embrionários, mas já prometendo conquistar o público consumidor.

 

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Na próxima edição também matéria imperdível sobre o que vem a ser o Grupo
dos Cem Amigos, publicitários de muita experiência no setor e alguns ex, que se
reúnem, no mínimo uma vez por mês em algum restaurante de São Paulo, para comemorar a grande união existente entre eles, trocando ideias sobre suas experiências pessoais.

Publicaremos algumas fotos do último almoço desse grupo, realizado na Cantina Nello’s, que contou com presença recorde dos últimos dez meses desse grupo que já começa a ser falado em outros estados brasileiros.

Armando Ferrentini é publisher e diretor-presidente do PROPMARK (aferrentini@editorareferencia.com.br).