Abra sua agência agora. Você deve estar pensando nisso neste momento. Então abra a sua agência. Principalmente se você ainda não está pronto para abrir uma. Mesmo que seja um segredo secreto por anos. Escolha o nome. E na busca pelo nome vai entender que precisa de um conceito, de um diferencial. Algo único que só você tem ou pensou.
Invista um tempo definindo os valores que nenhum fundo financeiro vai poder guardar ou fazer render pra você. Mas que, se definidos, serão seu melhor investimento. Abra a sua agência, mas saiba que não é como abrir um negócio qualquer. É abrir uma estrada para rodar por uns anos. Trinta, no mínimo. E como algo que não tem maquinário, a não ser um computador e alguns programas, você pode abrir a agência num sofá se quiser.
Não se deve abrir uma agência no papel sem tê-la antes nos sonhos e planos do que fazer da vida. Abra a sua agência, mas reflita: como vai ser essa agência? Pense em como seria o lugar que você vai passar 12 horas por dia resolvendo problemas dos outros. Pense, imagine e coloque tudo num papel. Como se chamaria? E a sede? Seria num barco? Num heliponto? Numa fazenda? Numa quadra de basquete? Num escritório soturno no subsolo? Faria o quê? Games? Documentários? Comerciais? Posts? Stories? Comerciais de TV? Programática? Filmes? Se já está numa agência atualmente, deve abrir uma agência em seus planos voltando pra casa a bordo de um transporte público.
Ao fazer isso vai saber se trabalha num lugar parecido com o que criou em sua imaginação ou muito diferente e com a vantagem que alguém já abriu uma agência pra você, paga as contas, cuida da burocracia. Basta ser feliz ali. Se ainda não conseguiu entrar em uma agência deve abrir a sua no horário vago que sobra entre o trabalho fixo como caixa de banco ou motorista de aplicativo e o curso prático de publicidade online.
A gente só chega num lugar quando imagina que lugar é esse. Você só trabalha em Londres ou NY se no seu job do dia a dia imagina que já está lá e precisa fazer um trabalho brilhante. Esse é o seu ticket de avião. Nenhum lugar será bom o suficiente se não se sabe onde se quer chegar. E se chega lá, antes na mente, e no dia a dia e pequenas atitudes. Uma hora, quando estiver lá, vai olhar e dizer: “mas em Rio Preto eu já pensava assim, natural isso”. Gente criativa quer grupos. Bandas, coletivos, filmes, empresas, produtoras, agências. Então abra a sua agência. Discuta o modelo, pesquise no mundo, avalie e evolua. Abrir a própria agência, mesmo que só você saiba, vai produzir em você uma busca pelo aprendizado e uma dedicação ao seu negócio. E isso vai aparecer.
E a agência que você abriu pra você mesmo, um dia você vai descobrir que outros também pensaram no mesmo modelo. Nem que seja com o seu nome e símbolo escondidos embaixo do logo e do nome da agência que contratou você. Logo nos primeiros momentos da sua agência você pode decidir se o dinheiro vai ser o balizador ou se o longo prazo e a excelência e o craft vão comandar a sua agência.Se ela vai ser feita de gritos e imposição de sua genialidade ou de busca incansável pelo insight. Se você tiver em mente e no coração a sua agência, provavelmente ela existirá de verdade e será notada. Mesmo que faça parte de outra.
Tenho visto grandes agências do mundo contratando amigos como Humberto Fernandez, Marcio Junot, Victor Afonso, Eduardo Tavares, Caro Rebelo, Artur, Bernardo Romero etc. etc. porque eles criaram antes, dentro de seus sonhos, as próprias agências incríveis. E os melhores lugares do mundo estão chamando. Ao abrir a própria agência, fica simples decidir se fica ou se vai quando recebe uma proposta. E por isso que cultura de verdade em agências é algo raro no mercado, valioso e merece ser cultivado. Pois é a somatória do ideal de centenas de pessoas de diversos skills e áreas complementares que têm um propósito único e não o sonho único de alguém imposto a todos.
Simplesmente você chega à conclusão de que a agência que você abriu no começo de carreira encontrou outras iguais a sua. É o que se chama de cultura e está além do dinheiro, fama e endereço. Abra a sua agência agora. E depois me diga: como ela seria?
Flavio Waiteman é CCO-fundador da Tech and Soul (flavio.waiteman@techandsoul.com.br)