Além do time da Mooca, outro clube sul-americano teve o uniforme sem patrocinador por opção do próprio sponsor, porém, com outro propósito

Teoricamente foi o alemão Eintracht Braunschweig, campeão da Bundesliga 1966-67, o primeiro clube do futebol mundial a estampar um patrocínio em seu uniforme. Em 1973, a Jagermeister e o Eintracht firmaram uma parceria até então inédita no futebol: estampar a marca de bebida na camisa do clube.

O problema, porém, era que a Federação Alemã de Futebol não permitia essa prática — era possível apenas colocar nos uniformes, além do escudo, a marca do material esportivo.

Para burlar as normas da federação, em janeiro daquele ano, clube e marca simplesmente trocaram o escudo do time pelo símbolo da Jagermeister. Mas não deu certo: a entidade máxima do futebol alegou que tal ação seria uma afronta à história do próprio clube.

Mas em votação entre os sócios, dentro de um contexto financeiro terrível pelo qual o clube atravessava, foi aprovada a mudança do escudo. À época, o time recebeu 100 mil marcos alemães por ano.

No Brasil, os patrocínios começaram a aparecer nas camisas dos times no início da década de 1980, anos depois de o movimento ter se intensificado em outros centros, como a Europa.

Primeiro, o Conselho Nacional de Desportos autorizou a publicidade apenas na parte de trás dos uniformes, em cima dos números. Em 1983, o patrocínio na parte frontal foi liberado.

O primeiro clube no país a ter publicidade foi o Democrata de Sete Lagoas, de Minas Gerais, que estampou a marca do banco Agrimisa e a esportiva Equipe pelo valor de Cr$ 500 mil, valor que não chegaria hoje a R$ 20 mil.

Atualmente, o espaço na camisa de um time de futebol custa caro. O Corinthians, por exemplo, fechou com a site de aposta VaideBet, que investirá R$ 370 milhões pelos próximos três anos. Mas na última terça-feira (27) uma ação diferente, pensada e desenvolvida pela DM9, chamou a atenção.

Para falar da experiência de marca para as lava-roupas, a Consul 'limpou' todos os patrocinadores da camisa que comemora o centenário do Juventus, um dos clubes mais tradicionais de São Paulo.

Na partida pelo Campeonato Paulista, o time entrou em campo com sua camisa limpa, sem a logomarca de nenhum patrocinador, nem mesmo da Consul. No entanto, outro clube na América Latina também removeu o patrocinador da camisa, com um propósito diferente.

Em 2010, o Racing, da Argentina, vendeu a cota principal de seu patrocínio ao Banco Hipotecario Nacional, que escolheu não expor sua marca nos uniformes do time. À época, a justificativa utilizada pela instituição financeira foi devolver a camisa à torcida.

Destaque para PR
Especialista em marketing esportivo e CEO da Heatmap, Renê Salviano disse que a visibilidade dos uniformes nas TVs, mídias sociais e outros meios mostra a força deste tipo de patrocínio, que traz reconhecimento para a marca.

"Temos que ver o desdobramento da ação para entender a mídia espontânea gerada e calcular todos estes benefícios contrastando com a falta de visibilidade da marca", disse.

Ainda de acordo com ele, ações como essa, envolvendo Consul e Juventus, devem ser medidas antes de qualquer comentário.

"Precisamos levar em consideração o canal de exposição que estão deixando de expor a marca e quanto se perde com isto, nem é preciso de um relatório robusto de mídia para entender que existe uma perda de exposição que (sempre) deve ser considerada mas que para um jogo apenas o imenso PR gerado faz tudo valer a pena".