A velocidade frenética da tecnologia chegou para ficar e transformar as vidas das pessoas. Impossível não ser tocado, de alguma forma, por esse trem-bala que dita o ritmo do dia a dia. O que faz uma nova tecnologia ser reconhecida e consumida é a capacidade de transformar a vida para melhor, seja de PF ou PJ. O que define o sucesso de uma inovação é ter uma entrega diferenciada. Única. Quanto mais difícil de explicar, maior a dificuldade para despertar o interesse dos potenciais compradores. Na era da conveniência, a regra é a simplicidade. Óbvio que a criatividade na comunicação segue sendo parte vital para construir o posicionamento da marca, seu storytelling, assim como as conexões com os diferentes públicos de interesse. É preciso, no entanto, repensar e expandir o papel/escopo das agências. A propaganda deve ser apenas uma das entregas, mas não será sustentável sendo a única. As house agencies são um dado de realidade, vieram para ficar e cabe às agências saber como se reposicionar.

A vantagem das houses está na agilidade para criação e desdobramento de peças de baixa complexidade. No entanto, para terem brilhantismo criativo e contribuição estratégica diferenciada, as houses precisarão manter nos seus quadros profissionais caros, que não terão o que fazer ao longo de 360 dias por ano. Se por um lado isto é uma oportunidade para as agências, por outro, exigirá um grande salto em branding estratégico, criatividade e planejamento de comunicação 360. Mas é necessário ir além e capacitar profissionais e a estrutura para entregar: 1. Inteligência estratégica e contribuições efetivas para o negócio; 2. Soluções inovadoras sustentadas por tecnologia/aplicativos + realidades imersivas; 3. Formação de comunidades ativas de consumidores e de influenciadores; 4. Ações de envolvimento, engajamento e pertencimento do público interno; 5. Obtenção, tradução e desenvolvimento de novas soluções a partir dos dados disponíveis e possíveis de serem buscados.

A base de tudo continua sendo compreender o comportamento das pessoas face a todas as mudanças e de que forma elas repercutem nas suas vidas. A inovação de valor é mais abrangente do que a inovação tecnológica, digo isto porque aquilo que é importante para um baby boomer muitas vezes não tem significado para alguém da geração Z. São visões de mundo distintas, outros desejos, outros sonhos. É necessário respirar, vivenciar essa mudança. Estar próximo, conectado. Compartilhar diferentes pontos de vista tornou-se primordial, tanto para a empresa quanto para as agências em qualquer lugar do planeta. Impossível imaginar projetos de ativação de negócios distantes dos CEOs e dos responsáveis pelas áreas de produto e negócios dos clientes. Uma marca é a face exposta do negócio. Isso revela a importância de gerenciar todos os pontos que a marca (= negócio) toca o seu consumidor.

O tripé passa por: a) tomar consciência profunda do ambiente da competição; b) buscar coerência dos líderes da organização em relação a ter um propósito que oriente o alinhamento estratégico de todas as áreas da organização, que produza uma forte identidade da marca com seu público-alvo; c) colaborar na definição e implementação de estratégias consistentes e viáveis ao caixa da empresa.

Um cenário desafiador está à frente dos nossos olhos. O desafio não está apenas em encontrar novas formas de comunicação. Aceitar que, para sobreviver, as agências terão de se transformar em verdadeiros hubs. A agência que priorizar a própria agenda de transformação terá mais chances de colher melhores resultados.

João Satt é fundador e CEO do G5 (joaosatt@gcinco.cc)