A pandemia do novo coronavírus trouxe uma nova rotina para as agências de publicidade. As reuniões físicas deram lugar a calls online, já que os colaboradores estão de home office. Os treinamentos e palestras que antes aconteciam nos escritórios, foram substituídos por lives. Mas quais as melhores ferramentas para tais atividades? PROPMARK ouviu especialistas em busca da resposta.

Calls

Zoom e Microsoft Teams foram algumas das mais citadas. “Temos licença e acordo com ambas as ferramentas globalmente. Cada plataforma tem suas especificidades, mas de maneira geral possuem o mesmo objetivo, que é permitir reuniões de video call online. Em ambas conseguimos realizar chamadas com diversos participantes ao mesmo tempo, seja por video ou apenas voz, fazer apresentações, dividir a tela e gravar a reunião, caso seja útil revisar ou compartilhar o conteúdo posteriormente”, explica Karina Ribeiro, CMO da Ogilvy Brasil.

Segundo Luiz Telles, diretor nacional de conteúdo e engajamento da Artplan, o Microsoft Teams é 100% compatível com todas as Leis de Privacidade de dados. “Outro ponto positivo é que funciona bem em qualquer plataforma, desktop, mobile, Mac OS ou Windows. Essa praticidade do mobile tem ajudado muito no dia a dia das equipes que estão eventualmente tendo que dar conta de outras atividades em casa, enquanto participam das conversas corporativas”, explica.

A única limitação na versão gratuita, ressalta Telles, “é que somente podemos ver quatro pessoas na tela, mas isso é apenas um detalhe. A ferramenta oferece uma capacidade de integração que nos satisfaz, uma vez que reúne até 250 usuários em uma mesma conferência, sem a necessidade de pagarmos por este serviço”.

A Pullse, em conjunto com o Grupo Artplan, também optou por adotar o Teams, da Microsoft. “Os times fazem reuniões diárias pela manhã, para alinhar as demandas, briefings, tarefas e campanhas. A agilidade em tempos de isolamento é vital e através desta ferramenta conseguimos integrar também os clientes”, analisa Allan Barros, CEO da Pullse.

Na Cheil o Teams é a ferramenta global da agência, mas por conta de diferentes fornecedores, Zoom e Hangout também são usados, além do House Party da Epic. “Que é nossa cliente para calls mais casuais e com até 8 participantes. Eu acho todas as ferramentas meio parecidas, então é difícil apontar prós e contras. As que você não precisa instalar no seu computador como Hangouts são melhores nessa hora, mas depois que estão instaladas, ficam bem parecidas”, resume Claudio Lima, CCO da Cheil Latam/Brasil.

Além do Microsoft Teams e Zoom, as agências também utilizam ferramentas do Google. “Seja o Hangout para as vídeo conferências e o Google drive para nos organizarmos”, revela Valéria Barone, managing director da GUT.

Na iD\TBWA há uma divisão entre Microsoft e Google. “O lado positivo, com certeza, é a segurança que as ferramentas do Google e da Microsoft trazem – inclusive porque já fazem parte da nossa negociação corporativa de e-mails. O lado negativo é sempre estarmos reféns da instabilidade da internet de cada um dos participantes”, pondera Camila Nakagawa, diretora executiva de negócios, operações e comunidades.

“Basicamente, estamos utilizando três ferramentas de modo geral: GSuite (documentos online, rede online, Hangouts para video conferencias etc) Taskrow (nossa ferramenta de gestão de demandas) e WhatsApp: atualmente é impossível não utilizá-lo, todavia, nossa recomendação foi para que as pessoas não utilizem áudios e sim que passem informações curtas e rápidas em texto, uma vez que se for necessário realizar algum tipo de busca, conseguiremos realizar prontamente. Especificamente para calls/reuniões online usamos o Hangout do Google/Gsuite”, explica Rodolfo Campitelli, sócio e COO Bold.

Para Alexandre Carmona, sócio diretor da Innova AATB, as ferramentas para reuniões, basicamente, se dividem em 2 grupos. “As que são ‘Host Based’ (salas geradas dinamicamente por pessoas autorizadas) e as que são ‘Room Based’ (salas que podem ser criadas e ficam a disposição do time). As funções são todas bem parecidas, mas preferimos a simplicidade da plataforma Whereby que nos dá a liberdade de ter salas onde os times se reunem diariamente sem depender de alguém mediar essas reuniões, e tem funcionado muito bem”, indica ressaltando que um dos contras é a limitação de 50 pessoas por sala.

Já na Wieden+Kenney São Paulo as ferramentas utilizadas com maior frequência são Hangouts Meet e Zoom. “Mas também tem Blue Jeans, Skype, Houseparty, FaceTime, WhatsApp, Webex etc. A principal diferença, que pode ser um fator determinante na hora de escolher qual usar, é a quantidade de pessoas aceitas por videoconferência. Infelizmente, muitas dessas ferramentas são novas e têm suas falhas mais graves sendo expostas ao longo da quarentena”, alerta Aga Porada, head de mídia da Wieden+Kennedy São Paulo.

O comentário da profissional vai de encontro às recentes notícias sobre a ferramenta Zoom, envolvendo escândalos de privacidade e denúncias de vulnerabilidades na segurança.

Na BTO+, as reuniões semanais com os gestores de cada departamento passaram a ser diárias, através de Hangouts de cerca de 30 minutos, no início da manhã. “Repassado o checklist do dia, cada gestor dissemina em sua área tudo o que precisa ser feito. As entregas do dia e os prazos seguintes também são enviados diariamente, pela manhã, no grupo de WhatsApp e WorkPlace da agência para todos os profissionais. Na BTO+ entendemos que a melhor ferramenta é o Hangouts Meet”, relata Geovanna Sobrinho, gerente de PMO da agência.

A Jüssi também utiliza as supracitadas ferramentas Hangouts Meet e Chat do pacote GSuite do Google. Segundo a agência, um dos pontos positivos é que as ferramentas estão conectadas com o email, repositório de arquivos, calendário e arquivos online na nuvem, como planilhas, apresentações, documentos, formulários e anotações facilitando a conectividade, armazenamento e comunicação.

“Por conta disso, facilmente conseguimos criar uma reunião em nosso calendário, disponibilizando uma sala virtual para uma videoconferência ou chat online, com a possibilidade de compartilhar telas, arquivos e apresentações em tempo real. Um dos pontos contras ainda é a dependência da disponibilidade de banda de internet. Em alguns momentos, se a conexão estiver instável, dificulta a comunicação e transferência de arquivos pesados”, comenta Thiago Lentini, diretor de operações.

Lives

Quando o assunto são lives, muitas das ferramentas já citadas foram indicadas, como o próprio Microsoft Teams. “Na última live interna que fizemos a ferramenta funcionou perfeitamente, mesmo com quase 200 pessoas participando. O contra é a saudade de ver a agência cheia de gente (risos)”, brinca João Livi, CEO da Talent Marcel.

Mas há exceções, como o Stream Yard. “Pagamos US$ 25 e ele faz transmissões de lives pelo Youtube. Essencialmente é isso. Escolho meu canal, boto o título da live, descrição e automaticamente ele já cria um link do Youtube de espera que eu posso mandar para as pessoas. Daí dentro do programa eu clico em ‘Go Live’ e ele transmite. Depois, quando acaba, dentro do próprio programa ele já deixa eu salvar em 4K a gravação toda. É muito fácil de usar. Na versão free a diferença é que você não pode personalizar, botar fundo, etc”, explica Rafael Martins, CEO do Share.

A Y&R utiliza internamente o Teams. “Mas […] entendemos que o Youtube é a plataforma mais popular quando se fala em lives e já é há bastante tempo uma referência na categoria de streaming. Considero hoje em dia o melhor canal, apesar de não ter inovado muito desde sua criação, para atingir muitos espectadores. O Facebook tem melhorado sua experiência nos últimos tempos. Quando se pensa em Instagram e IGTV, os creators parecem ser o foco da plataforma”, comenta Jaqueline Travaglin, diretora geral de operações da agência.

“Assisti a muitas lives no Instagram e no YouTube. Acho que a mudança abrupta no nosso comportamento não deu tempo para essas ferramentas se consolidarem como marcas, nem nas lives nem para as calls. Estamos construindo essa percepção à medida que vamos vivenciando a quarentena, decidindo qual a melhor ferramenta na hora da reunião, do show, do papo com os amigos. Qual agrega mais? Qual gera mais retorno?”, argumenta Aga Porada, da Wieden.

“A melhor plataforma para lives em estilo bate-papo/entrevistas/palestras sem dúvida é o Instagram, e para formato música/shows/atrações é o Youtube, que também é o ideal para quem quiser monetizar. Se a intenção for fazer uma transmissão ao vivo para seu público interno, por exemplo, o WorkPlace é uma boa pedida nesses tempos de home office”, finaliza Geovanna.