O pedido de prisão de Eduardo Cunha apresentado pela força-tarefa da Operação Lava Jato aponta que empresas ligadas à família dona da Gol Linhas Aéreas e a AlmapBBDO, que atende a companhia aérea, teriam feito pagamento de cerca de R$ 3 milhões a empresas ligadas ao ex-deputado. O valor seria referente a negociações feitas com o ex-deputado com o objetivo de reduzir o preço dos combustíveis. A família Constantino também é dona do grupo Comporte, com 6.000 ônibus e que fatura R$ 1,5 bilhão ao ano.

Os depósitos foram considerados propina porque Cunha não prestou nenhum serviço ‘compatível com os valores depositados’. A AlmapBBDO, que atende a Gol, teria feito um repasse de R$ 1,4 milhão, a empresas ligadas a portais de internet. Tais empresas seriam a Jesus.com e a GDAV. As empresas de ônibus, como Breda e Princesa do Norte, fizeram repasses entre 2012 e 2015 com o objetivo de se isentarem de pagar um imposto sobre combustíveis que se chama Cide.

Os procuradores afirmaram que Cunha criou, em 30 de março de 2015, uma comissão na Câmara dos Deputados para isentar essas empresas de pagar o tributo. O relato sobre os pagamentos é citado no pedido de prisão do Ministério Público, mas não foi citado por Sergio Moro no decreto de prisão.

A Gol já havia sido citada em um relatório apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF (Supremo Tribunal Federal) em junho de 2016. Na ocasião, as empresas Viação Piracicabana e Princesa do Norte fizeram o pagamento de R$ 492.500 a empresa de Lúcio Bologna Funaro, apontado pela investigação da Lava Jato como “operador de propinas de Eduardo Cunha”.

A AlmapBBDO se pronunciou dizendo que é a agência de publicidade da Gol Linhas Aéreas há 14 anos e que se orgulha da participação na construção da marca brasileira. “Em 2012, desenvolvemos uma campanha promocional que previu um plano de veiculação de banners, entre outras peças, no período de outubro de 2012 e novembro de 2013, que contou com mais de 50 websites. O plano de mídia requisitado pelo cliente incluía, entre outros, os websites Portal Mogi Guaçu, Uai, Vagalume, Forbes Internacional, VEJA, Catraca Livre, Facebook, YouTube, iG, Yahoo!. Também fizeram parte do plano de veiculação aqueles websites que estão sendo citados pela mídia como empresas ligadas ao ex-deputado Eduardo Cunha, informação pela qual fomos fortemente surpreendidos. Em respeito à verdade, entendemos ser indispensável esclarecer que não houve qualquer tipo de repasse de dinheiro, e sim a aquisição de espaço publicitário efetivamente utilizado, de acordo com as normas do mercado e regulados pela Lei 4.680. Toda a operação está comprovada pelos documentos já disponibilizados para as autoridades”. 

A Gol informou que recebeu solicitação da Receita Federal para prestar esclarecimentos sobre alguns investimentos publicitários realizados pela companhia. “Desde o recebimento desta solicitação, a Gol iniciou uma apuração interna e contratou uma auditoria independente externa para plena verificação dos fatos. A Gol está colaborando com as autoridades”. 

O  Comporte informou que “Sobre os supostos repasses às empresas Jesus.com, as empresas do grupo Comporte seguem colaborando com as autoridades para o total esclarecimento dos fatos”.

Atualizada às 18h06