Edu Lima, Fernanda Antonelli e Renato Simões defendem postura ativista e de rebeldia com causa para sustentar o brand da W+K (Divulgação)

É como se estivesse entrando na adolescência de forma precoce. A figura de linguagem usada por Fernanda Antonelli, managing director da unidade brasileira da Wieden+Kennedy, que completa neste mês de dezembro dez anos de atividades no país, quer dizer que a trajetória foi paulatina.

Além das marcas Old Spice e Nike, que deram início à trajetória, e de clientes de menor porte de investimento, nesse período agregou ao portfólio conquistas, como por exemplo a rede C&A, cartão ELO e Sprite.

“Estamos entrando na adolescência, mas sem perder a criança que está na nossa alma”, frisa Fernanda. Novamente uma expressão ilustrativa, porque a agência tem a maturidade necessária para disputar lugar entre as que se valem de um produto criativo que lhe habilita a estar em pitchs frequentes.

Nessas ocasiões, os ECDs Renato Simões e Edu Lima não se preocupam em “agradar o cliente”, mas colocar ideias que acreditam ser eficazes. Mesmo com o risco de não assegurar o negócio.

“A ideia é fazer do nosso jeito com coragem. Quando entramos em concorrências, levamos trabalhos que acreditamos. Valorizamos o poder do conceito e do posicionamento. Tivemos coragem para apresentar para a Ambev o projeto If You Drink Right, you F*** Right – Quem bebe menos se diverte mais, para propor consumo consciente de bebidas por meio da linha Skol Beats. Outro cliente que levamos para a mídia, trabalho disputado em concorrência, foi para Sprite, com Fresh Drops. Ganhamos a concorrência do Buscapé com a ação Os Desconfiados”, explica Edu. “Este pé atrás tão característico da cultura do consumidor brasileiro foi a maior inspiração deste trabalho”, completa Simões.

O tema concorrência é controverso. Mas a W+K não concorda com o clichê “concorrência boa é a que a gente ganha”. “Ser disruptivo é o que vale. O cliente tem de saber o que quer”, enfatiza Edu. “Tem agência criativa e de dados, então por que misturar 20 empresas diferentes?”, questiona Fernanda. Edu diz ainda que os anunciantes poderiam usar uma lição de casa que eles próprios estimulam quando a agência vai contratar um fornecedor de produção. “Normalmente pedem três orçamentos. É mais razoável.”

Além do produto criativo, uma marca da rede W+K e dos seus profissionais, o blend da agência contempla a cultura local dos países onde tem escritório e a independência das suas lideranças. Fernanda, Edu e Renato dizem que esse tripé é motivo de cobrança caso não seja um alvo. Dar vazão ao olhar artístico da equipe é vetor valorizado no Brasil e no grupo fundado por Dan Wienden e David Kennedy.

No Brasil foi produzida a série de cinco capítulos Cativeiro e o game Rumble, com o plano de integrar funcionários. Ambos por iniciativa do núcleo WKE, de entretenimento, efetivado neste ano.

E os planos? Renato responde: “Não perder a rebeldia. Manter o espírito questionador. Abraçar causas, porque somos ativistas”, pondera. Yanomami: uma história de terror é uma causa para alertar sobre o garimpo na área da tribo que foi ativada pela agência. Para o Instituto Avon, a W+K desenvolveu a ação Se você não é conformista, você é ativista, para destacar e propor o fim da violência à mulher. “Não viraremos velhos chatos”, finaliza Renato.