Durante a comissão “Criatividade e sucesso”, Alexandre Gama, presidente e diretor geral de criação da Neogama/BBH, demonstrou insatisfação em relação à precificação do trabalho criativo. “Quem precifica nosso trabalho não somos nós, mas o público. É muito perigoso deixar a definição de preço na mão de quem compra, como acontece atualmente em 100% do nosso business. Quem compra quer eficiência, eficácia e, ao mesmo tempo, pagar o menos possível. Isso não está certo”, afirmou o executivo. “Nas mesas de compra, discutimos benefícios com o marketing e valores com o financeiro, ou seja, não falamos de custo com quem entende de benefícios e nem de benefícios com quem entende de custos. Com isso, a negociação se torna muito difícil e o trabalho, desvalorizado. Precisamos retomar a arte de vender, tão desprezada no processo criativo. Se a criatividade é o tiro, o planejamento é a mira e o cliente quer ter a segurança de que a ideia está apontada na direção certa”, acrescentou.
Gama discutiu, ainda, sobre a questão da autoria de ideias no mercado publicitário. “A questão do ‘de quem é a ideia?’ é o terror de todo criativo. Sempre me esforço para ter a mente pura, como a de uma criança. Nunca olho anuários, por exemplo, pois tenho a impressão de estar valorizando uma ideia velha e, mais que isso, de mais tarde absorvê-la como minha. Por isso, acredito que devemos sair em busca de todo tipo de combustível, que deve vir de diferentes meios, exceto da nossa indústria. Precisamos nos manter longe das influências diretas da nossa profissão”. “A grande liberdade no nosso trabalho é o foco. Quanto mais foco tivermos, maiores as chances de encontrarmos a ideia mais acertada para determinado desafio. Sempre digo: ‘ouça muito, fale muito, veja muito, depois esqueça tudo e procure o foco’”, acrescentou.