“Não consigo enxergar onde começa a minha equipe e a da Ogilvy. Há simbiose e cumplicidade”, Fred Trajano – CEO do Magazine Luiza (Divulgação)

Com 80 milhões de downloads, com o volume do Canal Tech, o marketplace Magalu está se preparando para ter anunciantes de pequeno e médio portes a partir de 2021.

Vai seguir tendência consolidada pela Amazon, que em 2020 deve ter faturamento nos Estados Unidos próximo dos US$ 16 bilhões. O primeiro step nessa direção foi a aquisição, há três meses, da In Loco Media, cuja tecnologia na área de publicidade vai permitir que pequenos e médios anunciantes façam inserções de comunicação para aproveitar o tráfego do canal.

Mais: por meio da startup CanalTech, o Magalu vai oferecer conteúdo para as marcas que precisarem de solução criativa para sua comunicação, lançamento de produtos, como celular para gamers etc.

Fred Trajano, CEO do Magazine Luiza, esclarece que esse é um passo natural. “Nosso foco é uma empresa inclusiva para ajudar no processo de digitalização desses parceiros e, consequentemente, serem long tail. No Magalu o consumidor está na hora da verdade. Só falta apertar o botão.”

O executivo prossegue: “Também temos um esquema de logística diferenciado. 90% do que foi vendido na Black Friday está sendo ou já foi entregue. Este ano promovemos uma expansão de novas categorias: alimentos, bebidas, higiene, limpeza etc. Na área de esportes compramos a NetShoes. Temos todo tipo de produto, o que é um facilitador para quem quer comprar direto de casa. O CanalTech vai ajudar as marcas a fazer comércio com conteúdo. São 60 jornalistas habilitados para essa missão. Mas eles têm total liberdade de criação. Tem hora que há críticas, mesmo sendo conteúdo comercial. Mas, quando essa marca me pergunta por que isso acontece, respondo que o problema deve estar no produto”, disse Trajano.

O CanalTech também é colab. Pode fazer blogs, vídeos, inovação e redes sociais. Trajano fala que a equipe é ghost  writer de content commerce da Lu, personagem digital criada em 2003 que arregimenta um contingente de 20 milhões de seguidores.

“Este ano de 2020 foi emblemático para o conceito Tem no Magalu. O mercado de repente se fechou. As pessoas ficaram com medo de sair às ruas. No primeiro dia da pandemia, 100% das nossas lojas foram fechadas, mas no dia seguinte estávamos com uma campanha na Globo com a oferta de frete grátis. O anunciante tem de ser sensível ao que está acontecendo. Também deixamos claro que não haveria demissões. Isso viralizou nas redes. As doações da família controladora também ajudaram a contagiar os consumidores. Quem falou de coração na pandemia apareceu mais”, pondera Trajano, cliente da Ogilvy há 15 anos e mantém relação de portas abertas, nas próprias palavras, com a sua fornecedora de publicidade e estratégia.

“Não consigo enxergar onde começa a minha equipe e a equipe da Ogilvy. Há simbiose e cumplicidade. Que são necessárias para se ter agilidade. Nossa empresa atrai parceiros com os mesmos valores; acreditamos nas mesmas causas. Eu me sinto em casa com a agência”, acrescenta.

Ser o anunciante do ano é  um prêmio atribuído ao modelo orgânico que o Magalu adotou e não abre mão. “Somos orgânicos no sentido da conversa, que é uma interação diária, constante. Levamos muito a sério o valor dessa conta corrente. Se são positivas, agregamos à conta; se são negativas, tiramos da conta. Temos 30 milhões de seguidores  e 30 milhões de clientes via telefone”, justifica Trajano.

A comunicação de marketing do Magalu reflete a sua essência. Trajano faz analogia dessa característica da publicidade da marca com uma cozinha aberta. “Já imaginou um chef destratar um cozinheiro nesse formato open? Não vai dar certo. No nosso caso, abrimos a nossa cozinha; nosso bastidor. Nossos 40 mil funcionários estão nas redes ativas. Uma marca não consegue mais se esconder se for hipócrita. Tem de falar e fazer o que promete”, finaliza o CEO do Magalu.