O adiamento dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 para 23 de julho a 8 de agosto de 2021 impactou diretamente os negócios de comunicação e marketing dos comitês locais e não poderia ser diferente no Brasil. O Comitê Olímpico do Brasil precisou redesenhar estratégias, renegociar entregas com patrocinadores e incluir novas cláusulas nos contratos contemplando possíveis novos adiamentos ou até mesmo o cancelamento do evento esportivo.

Ginga é o mascote do Time Brasil e integra os direitos de marca dos patrocinadores do COB; evento no bairro da Liberdade, em São Paulo, marcou a contagem regressiva de 1 ano para Tóquio 2020

Nesta quinta-feira (28), o departamento de marketing do COB se reuniu com suas confederações esportivas para um alinhamento e atualizações estabelecidas pela Comitê Olímpico Internacional (COI). Uma das principais novidades diz respeito a sobreposição dos direitos  dos patrocinadores globais do ciclo 2017-2020 e dos novos patrocinadores do ciclo 2021-2024.

O COI determina que os dois novos patrocinadores do Programa TOP COI do ciclo 2021-2024, Allianz (Categoria Seguros) e Mengniu (Categoria Laticínios), também terão direito de ativar os Jogos Tóquio 2020, contanto que as ações sejam feitas fora do Japão, voltadas apenas para seus mercados regionais. A mudança impacta diretamente o Brasil, visto que os Comitês Olímpicos Nacionais ficam proibidos de manter patrocinadores que sejam concorrentes ou causem conflitos com os globais, como explicou ao PROPMARK Manoela Penna, diretora de comunicação e marketing do COB.

“Os comitês olímpicos nacionais que têm conflitos com essas marcas serão avaliados caso a caso. No o Brasil, o único impasse que a gente enxerga no momento é com a Travel Ace Assistance, nossa seguradora e patrocinadora. Ela conflita com a companhia de seguros Allianz. A gente está conversando com o COI porque isso tem um impacto significativo para o COB, já que a empresa nos fornece seguro viagem para toda a delegação”.

Manoela Penna: “Estamos confiantes de que parceiros permaneçam conosco” – Foto: Marcio Rodrigues /MGFT

A executiva destacou ainda que as conversas com a Travel Ace estão adiantadas, e que o patrocinador entendeu a situação imposta pelo COI. A saída foi realocar algumas entregas, mas o COB ainda está em negociação com o comitê internacional a esse respeito. As entregas referentes aos demais patrocinadores nacionais, como Estácio, Peak, Ajinomoto e brw, que terminariam em dezembro de 2020, foram estendidas até 31 de agosto de 2021.

Segundo Manoela, o momento é também de tratar a renovação de parcerias para o próximo ciclo 2021-2024. “Estamos num trabalho duplo de conversar e tranquilizá-los quanto às entregas de 2021 e também sensibilizá-los quanto a parceria com o COB para o próximo ciclo. Estamos confiantes de que esses parceiros permaneçam conosco”.

Outro assunto sensível quanto aos contratos é a revisão de cláusulas sobre as incertezas que ainda permeiam o mundo diante da pandemia da Covid-19. No caso de novo adiamento, a ideia do COB é alinhar com patrocinadores as entregas e datas de pagamento e postergar o prazo de vigência do contrato levando em consideração a nova data dos Jogos.

Já em um cenário de eventual cancelamento do evento, o COB apresentou dois caminhos: a possibilidade de o patrocinador não pagar a última parcela do seu contrato (o que seria referente a 25% do total), ou então, o COB tentaria oferecer novas entregas, que não previstas inicialmente em contrato, e que possam compensar as entregas que seriam feitas durante os Jogos, sem a necessidade de uma redução no valor a ser pago.