A Lei do Audiovisual nº 12.485 –que reserva uma cota de 3h30 por semana para conteúdos nacionais nos canais a cabo – trouxe benefícios ao mercado audiovisual, mas, segundo uma pesquisa realizada pela consultora Ernst & Young, para 70% dos profissionais do meio entrevistados, o país ainda enfrenta problemas de escassez de mão de obra especializada no setor. Para contornar esse quadro, a Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) uniu-se ao Sebrae e lançou, em outubro do ano passado, o programa de capacitação de empresários do setor audiovisual “Objetiva – Empreendedorismo em foco”, voltado às produtoras de micro e pequeno portes.
O programa – que recebeu aportes financeiros de cerca de R$ 4 milhões – já passou por São Paulo, Rio de Janeiro, encontra-se em Porto Alegre, e segue para Brasília e Recife. Os módulos cobrem temas direcionados à gestão empresarial, formatação de projetos, roteiro, legislação, desenvolvimento de projeto transmídia, entre outros.
Foram quase 100 horas de capacitação num programa que, até o momento, é o maior em abrangência temática e geográfica. O projeto inclui a impressão de um guia com os temas aplicados nos cursos, entregue a quem participou e disponibilizado no site a quem não participou. O guia inclui 35 modelos diferentes de contratos, por exemplo.
Odete Cruz, gerente-executiva de capacitação da Apro, diz que o convênio tem duração de dois anos e o Sebrae está propenso a assinar uma fase dois do projeto. “Em São Paulo foram 50 participantes, no Rio em torno de 30 e o mesmo número em Porto Alegre. Foi um momento propício para a realização dos cursos. Nas turmas, percebemos avidez dos produtores em qualificar e aprimorar conhecimentos.”
A área de gestão, ela conta, é a mais complexa e onde há os maiores gaps no mercado. É o “grande gargalo”, segundo ela. Não faltam criadores, mas faltam empresários capacitados.
No Rio Content Market, por sinal, Apro e Sebrae promoveram uma ação para esclarecer dúvidas de empresários sobre o setor audiovisual, disponibilizando quatro profissionais para oferecer consultorias sobre os mecanismos de incentivos fiscais e projetos transmídia.
Odete explica que em outros tempos os pequenos eram mais prestadores de serviços do que produtores. “Percebemos que há pequenos que prestavam serviços para produtoras maiores que já estão ousando realizar seus próprios projetos. Só as grandes não dariam conta de toda a demanda que se formou depois da lei. Há demanda de conteúdo de alta qualidade de canais internacionais, por exemplo, que não é missão fácil”, observa a gerente.
Entre os planos da Apro está a realização de um grande mapeamento do mercado audiovisual, em parceria com a Fundação Dom Cabral. “Será uma pesquisa ampla, englobando todos os segmentos – TV, publicidade, cinema etc. Queremos saber volume de trabalho, geração de emprego, faturamento, tudo. Iniciaremos no primeiro trimestre de 2015 para que tenhamos até setembro/outubro os dados consolidados”.