A Apro (Associação das Produtoras do Audiovisual) negou nesta terça-feira (16) que esteja boicotando a implantação do sistema streaming, que permite o envio de filmes publicitários das agências para as emissoras de forma digital. Na semana passada, a ABA (Associação Brasileira dos Anunciantes) soltou um comunicado alegando que dispunha de “sólidos relatos e farta documentação que revela que algumas produtoras, assim como algumas agências” estariam atrasando, de forma proposital, a adoção do envio digital por desconhecimento de como o sistema funciona. “Não há resistência, ninguém boicotou. Mas se o diretor achar que o serviço de streaming está ruim, ele tem o direito de mandar via cópia física”, afirma Sônia Regina Piassa, diretora-executiva na Apro.

A entidade se queixa dos serviços prestados pela empresa que trouxe o serviço de streaming para o Brasil em meados do ano passado, a Adstream Samba. Segundo a entidade, uma série de seis episódios geraram atrasos no envio dos filmes e as produtoras responsáveis pelo material precisaram arcar com o custo do atraso. A companhia, contudo, nega. “Nunca um material sofreu atraso por responsabilidade nossa”, afirmou Celso Vergeiro, CEO da Adstream Samba, em entrevista ao propmark na última sexta-feira (12). “Esses são boatos espalhados por um grupo de produtoras que querem continuar recebendo pela cópia física. O mundo mudou”, disse.

A Apro soltou nesta terça um comunicado às produtoras associadas recomendando que mantenham o envio da forma como preferirem. “Não somos obrigados a enviar por streaming. A fita XDCam SD ou a HDCam HD é tão digital quanto um streaming. Ela é uma mídia física, mas o que está dentro são dados digitais. Não enviamos material analógico”, apontou.

Uma das principais polêmicas sobre a transição do envio físico pelo digital está no pagamento das cópias. Hoje, a cada fita enviada para os veículos, o cliente paga um valor de R$ 2,5 mil à produtora por direitos autorais. Com a chegada da Adstream Samba, os clientes passaram a questionar o pagamento por cópia. A Reckitt-Benckiser, por exemplo, comunicou a Apro que passaria a pagar R$ 330 pelo envio via streaming.

Sonia defende o pagamento da cópia. “Cópia é cópia, filme e filme. Se colocar o valor dentro do orçamento, as mesas de compra engolem isso em dois tempos. O cliente quer tanto clareza dentro do orçamento e, quando separemos, não querem. Isso é escamotear o orçamento”, afirmou. A associação repudiou a carta da ABA e disse que ainda não foram tomadas decisões entre clientes e produtoras sobre o pagamento da cópia ou não. “Estamos em momento de transição e isso requer das pessoas um pouco de tranquilidade”, disse.