Ufa! Estamos entrando no último bimestre do ano. E que ano! Um ano que todo mundo está pedindo pra acabar logo. Para a maioria, um ano pra se esquecer. Mas ele nem acabou e já traz um outro desafio: planejar o próximo ano. O primeiro exercício é o de tentar não olhar muito para o retrovisor.

Normalmente, partimos de um histórico, de uma referência do ano vigente para planejar o seguinte. Se fizermos isso agora, partindo dessa base de terra arrasada para pensar 2021, será um grande erro. Eu sei que não é fácil ignorar tudo o que ocorreu este ano. Mas, se o fizer, tente olhar pelo lado menos negativo.

Faça um esforço. Existe algo de positivo no meio dos destroços deste ano. Vejamos. Enxugamos a estrutura ao mínimo necessário. Cortamos a gordura – e, vá lá, alguns músculos também. Mergulhamos em soluções digitais sem medo, acelerando processos que deveriam ocorrer em anos para a frente.

Procuramos diversificar o portfólio de serviços, buscando o que era viável em tempos de quarentena. Perdemos o medo do home office, do teletrabalho. Ficamos mais pragmáticos e menos perdulários, economizando recursos como nunca.

Como disse Nietzsche: “O que não pode matar-me, torna-me mais forte”. Se conseguimos superar este ano sem precedentes, certamente estaremos prontos para o que der e vier. Num processo darwiniano, estamos adaptados para perrengues como nunca estivemos. Então, que venha 2021!

Mas, peralá, que ano é esse que vem por aí? Teremos um fenômeno do tipo “V”, com a economia já batendo no fundo do poço e voltando a crescer vigorosamente? Ou será mais um “W”, com um crescimento depois da queda acentuada, mas com uma recidiva, nos trazendo para baixo mais uma vez para, só depois de um período mais longo, voltar a crescer.

E se for um temerário “L”, onde depois da queda vem um longo e penoso patamar de estagnação? Quem saberá prever com exatidão? Quem terá essa bola de cristal precisa? Hmmm… que dificuldade fazer previsão nesse mar de incertezas… Até porque a pandemia terá papel preponderante no comportamento da economia. E ainda não temos capacidade de prever de forma assertiva se – e quando – teremos uma vacina acessível a todos.

Até lá, estamos vendo exemplos de idas e vindas no processo de superação da pandemia em alguns países da Europa e estados dos EUA.

Bastou dar um pouco mais de liberdade para a pandemia mostrar seus dentes mais uma vez, assustando países que já se imaginavam num caminho de superação.

E por aqui, como será? Já está havendo uma distensão da quarentena, com liberação gradual e cuidadosa de atividades. E, felizmente, a temida curva de mortes por Covid-19 entrou em queda consistente em quase todo o país.

Para alguns setores, já falta matéria-prima para atender à demanda inesperada. Para outros setores, a crise nem ocorreu (supermercados, por exemplo). A queda do PIB deste ano já vem sendo revista pelos economistas, em face dos números mais recentes de uma retomada.

O quanto dessa retomada pode ser atribuído ao auxílio emergencial? E quando ele acabar? E a disparada dos preços das commodities, como vai afetar a inflação?

Por outro lado, alguns fenômenos decorrentes dessa crise parece que permanecerão. O crescimento do e-commerce e o home office, por exemplo.

Como consequência, o setor de materiais de construção e decoração vive dias de exuberância, com muita gente procurando cuidar melhor da casa, que passou a ter mais importância na vida de pessoas que a tornaram, além de seu lar, também o escritório.

Seria bom ter mais um par de meses para entender melhor o que vem por aí, não é? Mas não temos esse tempo e planejar é preciso.

Então, com os pés no chão, mas com uma dose de coragem, deixe de ser pessimista e faça prevalecer o lado menos sombrio desse momento. Que venha 2021!

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) alexis@ampro.com.br