Francisco Alberto Madia: “Quando os servidores públicos contribuirão para pagar a conta?” (Crédito Pxhere)

Temos dúvidas e convivemos com diferentes respostas e versões sobre diferentes fatos em nossas vidas. Muitas dessas dúvidas, que se revelam permanentemente em nossas cabeças, jamais encontrarão respostas. Seguramente, a gênese e a origem da economia não fazem parte dessas dúvidas.

Todos, com um mínimo de inteligência e juízo, sabem onde tudo começa. Não convivemos com qualquer dúvida tautológica, tipo “quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha” ou, como a Proeme criou e dizia na publicidade, “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais”.

No tocante à economia, mesmo as pessoas de pouca cultura e entendimento sabem onde tudo começa, sabem qual é a gênese. E que é… Um dia, uma pessoa, de forma natural e tranquila em outros países e ensandecida no Brasil, devido às dificuldades e ao cipoal de normas, leis e regulamentos, decide empreender. Montar um negócio. E assim que o negócio vai ganhando forma, nasce Um Emprego. Isso mesmo, Um Emprego!

Não existe nenhuma outra espécie na natureza que produza uma fruta denominada Emprego. Apenas uma. A empresa. E esse emprego, de imediato, gera salário para quem trabalha, e impostos que darão origem ao Estado. Uma instituição que alguém um dia decidiu inventar para fazer o papel de uma espécie de síndico e/ou administradora de condomínio.

Cuidar de um edifício ou condomínio chamado economia. No nosso caso, a economia do Brasil. Essa é a gênese. Verdade absoluta e definitiva. Não existe uma segunda possibilidade. Quando retornamos aos anos 1940, quando a industrialização engatinhava por aqui, e os serviços também, nós, brasileiros, ou trabalhávamos ou encaminhávamos nossos filhos para trabalhar em pequenos comércios das cidades.

Alguns mais corajosos prestavam o concurso do Banco do Brasil. E outros trabalhavam nas prefeituras, um número menor nos governos de estado, e um menor ainda no governo federal. 70 anos depois, dada a nossa indiferença e irresponsabilidade, fechamos os olhos preguiçosamente, o Estado foi crescendo, aumentando de volume, intensidade e tamanho, multiplicando-se mais que coelhos os funcionários públicos nas prefeituras, câmaras, estados, país, Justiça, Forças Armadas e todas as demais e infinitas modalidades de empregos públicos.

Em síntese, 70 anos depois, convivemos com um monstro. Que, até mesmo por uma questão de inércia, não para de avançar e crescer. E por que decidi fazer este comentário, hoje, fim de 2020?

Porque estamos enfrentando uma das maiores crises da história recente e, muito especialmente, de nosso país, pela característica do Estado brasileiro. Neste momento de pandemia, onde a economia volta para trás em desabalada marcha à ré, onde se esgotaram os recursos, os funcionários públicos comportam-se, através de lobbys poderosíssimos, todos concentrados em Brasília, como se estivéssemos vivendo tempos de total e intensa prosperidade.

O Titanic Brasil afundando e servidores públicos pedindo mais e mais champanhe… Nem no pior dos pesadelos poderíamos imaginar que um dia nos confrontaríamos com esse absurdo. Não é que o Estado vai quebrar. Já quebrou. Com a paralisação e decorrente queda brutal na economia, existe uma correspondente queda na arrecadação.

Assim, como vem acontecendo na única espécie da natureza que dá uma fruta chamada emprego, que são as Nossas Empresas, os que não perderam o emprego veem, inexoravelmente, seus salários reduzidos. E ainda terão de se defrontar com o apetite irracional e incontrolável do monstro Estado, que não aceita redução no salário de seus funcionários, como ainda e neste momento reivindica aumentos…

Um dia, um alucinado decide empreender no Brasil e nasce uma empresa. Semanas ou meses depois começam a brotar os primeiros empregos… Hoje, todas as empresas, em maior ou menor intensidade, encontram-se destruídas pela pandemia. Cortam empregos e reduzem salários. E hoje, quando olhamos para a próxima esquina, tudo o que vemos é um Estado a nos dizer: “vou precisar aumentar os impostos…” para poder honrar os aumentos que pretendo conceder aos servidores públicos…

É isso, e é essa, queridos amigos, a patética e absurda realidade. É o fantasma ou monstro que nos espera na próxima esquina. O maior dos pesadelos. Precisamos resistir… Antes que o monstro, que construímos para nos servir – lembram, servidores públicos – nos devore a todos. A propósito, quando os servidores públicos contribuirão para pagar a conta?