Inovações como a criação de ecossistemas de negócios, o cross border e o metaverso devem impulsionar mudanças no setor, debatido durante o VTEXDay, que aconteceu em SP
Os caminhos das marcas de varejo em seus pontos de contato com os clientes no digital ganham novas perspectivas a todo instante. E levam a uma rotina de transformação dos negócios, com o surgimento de novos modelos estruturados, quase sempre, para encontrar o consumidor no momento e no lugar mais adequado.
São cenários que criam tendências como os ecossistemas de negócios, construídos por diversas verticais, a exemplo do Mercado Livre e do Magazine Luiza; o cross border, um comércio transfronteiriço como se percebe com a chegada de empresas chinesas ao Brasil; e o metaverso, o novo futuro espaço de conversas e de transações.
“São aquisições, investimentos e novos iniciativas de negócios que conseguem desgarrar o negócios do ambiente de origem em busca de um crescimento exponencial”, afirmou Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, ao falar sobre o potencial dos ecossistemas no VTEXDay, que terminou ontem (13) em São Paulo.
Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, explica que o cross border pode ser também um caminho para as marcas brasileiras entrarem em outros mercados. Ele usa o e-commerce chinês Tmall para fazer uma comparação, espaço onde estão mais de mil empresas australianas e apenas 15 do Brasil. “As marcas brasileiras podem usar o digital para acelerar o processo de expansão”, acredita.
Sobre o tão comentado metaverso, Terra trabalha com duas perspectivas: curto e médio prazos, com a criação de serviços e produtos que serão consumidos apenas virtualmente; e o longo prazo, com operações que conectarão de fato o físico e o virtual, criando uma espécie de varejo 4.0.
Por sua vez, Julia Rueff, head de marketplace do Mercado Livre, adiciona outras tendências às quais o setor deve ficar atento. A primeira é em relação à melhoria dos serviços, com entregas mais rápidas e eficientes, uma demanda que cresceu muito nos últimos tempos.
A executiva também vê espaço para a penetração do varejo digital em outras categorias que hoje ainda dependem muito do espaço físico, como moda, supermercados e beleza. E novos canais de venda, como live streaming, ativação que tem se expandido mundialmente como forma de estabelecer conexões com os consumidores e aproximá-los de momentos de experimentação.
“O Mercado Livre vai investir R$ 17 bilhões neste ano, 70% a mais do que no ano passado. Valores baseados no que entendemos como tendências para o futuro e tendências para o agora também”, afirma Rueff.
A conexão entre os canais digitais também tem apresentado ganhos importantes para o Grupo Boticário, de acordo com Maria Isabel Miranda, diretora executiva da Beleza na Web e Beauty Box. Ela conta que a partir do momento que conectaram os ativos do grupo, que reúne marca como O Boticário, Quem disse Berenice?, Eudora e Vulti, e transformaram tendências em estratégias de negócios, o crescimento “tem sido muito forte”.
“Dentro da Beleza na Web e no Beauty Box, o que eu posso destacar é cada vez essa conexão entre as marcas, profissionais e os influenciadores. Isso é muito forte dentro do mercado de beleza para a escalada do nosso marketplace. E o social commerce e live commerce como fatores bem importantes porque o consumidor de beleza tem uma demanda por conteúdo, experimentação e por referências”, explica.
E-commerce divertido
Grande parte da evolução do varejo digital mundial tem visto na China um espelho, como o caso do live shopping, que nasceu em 2016 com o Alibaba lançando o Taobao Live. Hoje, mais de 50% das vendas totais do varejo no país asiático são feitas por ecommerce, que trabalha com estimativa de fechar 2022 movimentando quase US$ 1,5 trilhão, segundo dados do emarketer. E o social commerce de varejo registrou US$ 351,6 bilhões em 2021 contra US$ 36,6 bilhões nos Estados Unidos, de acordo com a mesma fonte de pesquisa.
Não à toa, Zia Wigder, Chief Content Officer da Insider Intelligence, fala para o mercado não ignorar as tendências de social shopping. “As ações não serão idênticas às realizadas lá, mas não ignorem. Vocês podem perder uma grande oportunidade”.
Segundo a especialista, um dos atrativos das estratégias de shopping é que elas são criadas para serem divertidas e entreterem os potenciais consumidores. “Elas são sobre a experiência, sobre se divertir”, conta.
Um outro exemplo é a proposta do Pinduoduo, que oferece descontos a partir de compras coletivas e que acaba gerando compartilhamentos e ações entre amigos para que consigam comprar produtos mais em conta.. No Brasil, quem lançou algo semelhante foi a Magazine Luiza com a ferramenta “Compra Junto” no seu app.