O portal Bolsa de Mulher acirra a concorrência na web entre os sites especializados no público feminino. Além de lançamentos de soluções para celular, o portal está investindo em ações de guerrilha. A primeira delas coloca 85 motoboys nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro para divulgar o movimento rosa. A ceo Andiara Petterle conta, nesta Entrevista, que a meta de crescimento este ano é passar de três milhões de usuárias para cinco milhões.
propmark – Como surgiu a idéia de lançar o portal?
Andiara Petterle – O portal nasceu em 2000, na época em que os empreendimentos todos de internet estavam começando, com o boom da internet. Eu entrei como executiva no final de 2005. O foco era ser um portal feminino. A operação diminuiu um pouco, até que em 2006 a holding de investimentos Ideiasnet (empresa de capital aberto, que investe em empresas do setor de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações) comprou 27% da empresa e logo passou a ter o controle acionário, num movimento do investidor acreditar mesmo no negócio.
propmark – E como isso aconteceu?
AP – Com o reposicionamento da empresa. Isso porque passamos de um portal feminino para uma empresa de soluções para o público feminino, passando por conteúdo, relacionamento e informação. O grande foco em 2008 será em soluções de telefonia celular, desde aplicativos até SMS. A usuária poderá acessar a rede social pelo celular, vamos oferecer serviço completo via WAP. O universo feminino é enorme: são 20 milhões de mulheres na web e 64 milhões no celular.
propmark – Qual é a audiência do portal?
AP – São três milhões de usuárias únicas por mês, divididas entre rede social e conteúdo. 95% das mulheres têm banda larga, são das classes A/B. A nossa maior audiência é do Rio de Janeiro e São Paulo, depois vem Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília. Elas têm entre 25 e 40 anos, trabalham fora, têm relacionamento sério ou estão em vias de ou são mães de primeira viagem. Todas têm um perfil bem parecido.
propmark – É preciso ter cadastro? O acesso é gratuito?
AP – Sim, o acesso é gratuito. Para ter acesso ao conteúdo e informações, a usuária não precisa se cadastrar. O cadastro é solicitado para participação na rede social. A nossa perspectiva é chegar a 5,5 milhões de usuárias até o final deste ano.
propmark – Como fazer isso?
AP – Fechamos uma parceria exclusiva com o MSN e agora somos o único portal com conteúdo feminino da Microsoft no Brasil. Paralelo a isso, este será o primeiro ano em que vamos investir em marketing. Desde 2000, o Bolsa de Mulher nunca investiu em marketing, as usuárias foram trazendo outras usuárias. Agora, vamos incrementar o potencial de virilidade, investindo em marketing e fechando parcerias estratégicas.
propmark – Quais as mídias que serão trabalhadas?
AP – A nossa estratégia é focada em online e ações de guerrilha. Já temos um trabalho de guerrilha com o movimento rosa. O objetivo é convidar as pessoas a enxergar o mundo com um olhar mais feminino e levantar bandeiras como sensibilidade, otimismo e solidariedade. A idéia é tornar o mundo um pouco mais cor-de-rosa.
propmark – Quais são as ações?
AP – A primeira ação está sendo feita nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro com 85 motoboys. A Espalhe desenvolveu a ação em parceria com empresas de motoboys, que chamam a atenção ao carregarem enormes mochilas cor-de-rosa. A idéia é ter um trânsito mais solidário, sensível, com conceitos bem femininos de gentileza, paciência. O movimento tem sido bem-sucedido, com mais de três mil inscritos.
propmark – Quais são os planos de expansão?
AP – Temos plano de expansão internacional para a América Latina. Já no segundo semestre, vamos começar a atuar na Argentina e até o fim do ano no Chile e México.
propmark – A rede social do Bolsa de Mulher é parecida com o Orkut?
AP – É mais parecida com o Facebook, em termos de aplicativos, mas tem uma dinâmica bem própria. As usuárias se agrupam muito mais pelo interesse do que para se conhecer pessoalmente. São usuárias que têm assuntos em comum e que se reúnem na rede social para trocar informações.
propmark – Que informações uma mulher encontra no portal?
AP – Do ponto de vista de conteúdo, canais desde beleza, estilo, moda, relacionamento, decoração, bem-estar, sexo e investimento. Há também o Bolsa de Bebê, que traz dicas para a mulher traçar um planejamento completo, e o segmento teen.
propmark – Quais os principais serviços oferecidos ao público feminino?
AP – A rede social e conteúdo. A rede social é o core business do funcionamento do Bolsa de Mulher, é onde as usuárias se encontram e trocam informações entre si. Onde elas dizem que têm um problema e querem ouvir opiniões. Associado a isso, tem o conteúdo. São 25 colunistas, além de blogs editoriais e ferramentas interativas, com as quais as mulheres conseguem testar a melhor maquiagem, corte de cabelo e acessórios. Esse tipo de conteúdo também estará disponível em mobile. A rede social vai funcionar via SMS. O usuário paga o SMS para a operadora.
propmark – Há outras novidades?
AP – Lançamos em março a Universidade Feminina, que já soma mais de cinco mil matrículas. Trata-se de uma ferramenta de e-learning, ensino à distância. A universidade tem um portfólio de cursos heterodoxos, como moda, maquiagem, finanças, relacionamento e outros. O curso é gratuito e tem duração de 45 dias.
propmark – Depois de oito anos no ar, quais os avanços do portal?
AP – O mais importante foi o reposicionamento do ponto de vista de modelos de negócios, como uma empresa de soluções femininas que atua muito bem na web. Mas a tendência é que o segmento mobile seja nos próximos anos muito mais lucrativo do que a publicidade na web, com um potencial de crescimento de market share muito maior. Atuamos em um segmento lucrativo. Em 2007 conseguimos rodar com 100% de inventário de publicidade.
propmark – Como é o consumo da mulher brasileira na web?
AP – As mulheres têm um tíquete médio de R$ 244,00 na internet. Isso significa que conseguimos atingir três milhões de compradoras. As perspectivas do público feminino são ótimas. Hoje, as mulheres representam quase 50% da audiência na web.
propmark – Quais os anunciantes do portal?
AP – Unilever, Bradesco, Itaú, Fiat, L’Oréal, O Boticário, Philips, Banco Real, Unibanco, Nissan, Nokia, Roche, Toyota, Fleury Merck. Crescemos 500% em audiência no ano passado.
Kelly Dores