Tudo começou em julho de 2012 com dois artistas, uma van e a ideia de ocupar espaços publicitários com arte. Cansados da “poluição visual” nas cidades, passaram cinco dias espalhando 36 pôsteres em espaços de mídia exterior em cinco cidades inglesas.
No ano passado, 40 artistas se uniram na maior campanha contra a publicidade na história do Reino Unido, uma verdadeira “guerrilha artística”. Em dez cidades, artistas espalharam os seus trabalhos nos espaços publicitários da mídia exterior, confrontando a indústria da propaganda e o consumismo.
Este ano, o Brandalism chegou a Paris, dois dias antes da Conferência Cop 21, promovida pelas Nações Unidas. O movimento anarquista contra as marcas invadiu a mídia exterior e instalou mais de 600 anúncios pelas ruas da capital francesa para criticar os patrocinadores da conferência, realizada no último dia 30.
Os anúncios não autorizados foram instalados nos espaços da JCDecaux em Paris, como abrigos de ônibus, e fazem paródias a patrocinadores do encontro, como Air France, GDF Suez-Engie e Dow Chemicals. Chefes de estado como François Hollande, Barack Obama e David Cameron também foram parodiados.
Uma das peças, por exemplo, mostra uma comissária de bordo e a frase: “Combatendo as mudanças climáticas? Claro que não somos uma companhia aérea”. O logo da Air France aparece junto com a frase “parte do problema”.
Em comunicado, o Brandalism admitiu que criou os anúncios após o governo francês proibir todas as reuniões públicas em resposta aos ataques terroristas de 13 de novembro.
As peças de protesto foram criadas por mais de 80 artistas de 19 países. Os textos sugerem ligações entre a publicidade, o consumismo, a dependência de combustíveis fósseis e as alterações climáticas.
“Ao patrocinar as negociações climáticas, grandes poluidores como a Air France e a GDF Suez-Engie podem promover-se como parte da solução, quando na verdade são parte do problema. Estamos tomando seus espaços para desafiar peças publicitárias na promoção do consumismo insustentável”, declarou o grupo, em comunicado publicado no site Brandalism.
O movimento não divulga os nomes dos artistas envolvidos, pois não pretende promovê-los, mas protestar contra o espaço dado à publicidade em espaços públicos e na cultura em geral.
No site, há um guia de como abrir painéis de mídia exterior. Também no mesmo canal, há uma lista de livros que inspiraram o movimento, entre eles No Logo, de Naomi Klein; Propaganda, de Eduard Bernays; e Culture Jam, de Kalle Lasn.