Entre os países que integram o chamado Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil é o único que apresenta crescimento com diminuição das desigualdades sociais. A conclusão é da pesquisa “Os emergentes dos emergentes”, elaborada pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e divulgada no 1º Fórum BID para o Desenvolvimento da Base da Pirâmide na América Latina e Caribe, em São Paulo.
De acordo com o Marcelo Neri, economista e coordenador da pesquisa, a diferença de ritmo entre os segmentos da sociedade brasileira é bem expressiva. “Em uma década, a renda real per capita dos mais ricos no Brasil cresceu 10%, enquanto a dos mais pobres aumentou 68%”. A desigualdade cai há 10 anos consecutivos, prometendo chegar ao 11º neste ano.
Na comparação com os Brics, segundo a pesquisa, a expansão dos 20% mais ricos do Brasil é inferior ao crescimento dos seus pares. Quando a análise é sobre 20% dos pobres do País, o cenário é o oposto. O Brasil também lidera, no período de 2003 a 2009, a elevação de renda, 11,3%, em pesquisas domiciliares – forma de medir o impacto dos resultados macroeconômicos para os cidadãos. Os dados refletem, para o economista, também o avanço econômico da América Latina. “A renda cai na América Latina, mas avança no resto do mundo”. A afirmação corrobora a projeção do presidente do BID, Luis Moreno, de que esta é “a década da América Latina”.
Desde 2003, mais de 50 milhões de pessoas, número superior ao da população da Espanha, chegaram ao mercado consumidor nacional. E, só no intervalo de 21 meses, fechado em maio, as classes AB e C expandiram 12,8% e 11,1%, respectivamente. Para Neri, depois de “dar os pobres ao mercado” é hora de “dar mercado aos pobres”, o que se traduz em prover acessibilidade ao mercado de trabalho e à educação de qualidade.
“A nova classe C não é filha de ninguém. Ela é filha dela mesma”, defendeu o economista. Para ele, o crescimento econômico e a redução das desigualdades, puxados pela melhora da educação, criação de novos postos de trabalho, queda da natalidade e a dinâmica político-eleitoral, são os responsáveis pelo quadro atual. “Todo ano eleitoral a renda média do brasileiro sobe muito. Podem ver”, pontuou. Nos casos dos mais pobres, o bolsa-família, os reajustes da aposentadoria e do salário mínimo, além da política de controle da inflação são os elementos preponderantes.
Nação felicidade
A pesquisa revelou ainda que o Brasil é o líder em felicidade futura, expectativa de satisfação com a vida, segundo dados da Gallup World Poll. Para 2014, o índice nacional, em uma escala de 0 a 10, chegou a 8,7, acima de todos os outros 146 países analisados. A mediana do levantamento ficou em 5,6. Sobre a felicidade presente, o Brasil saiu da 22ª posição, em 2006, para 17ª, entre 144 países, sendo o único integrante do Brics a registrar melhora. A Dinamarca ocupa a primeira posição no ranking.
por Marcos Bonfim