Na era da fragmentação da audiência, o Mídia Dados 2008 destaca a transição da mídia no País. “A transição está se dando em função da necessidade de um profissional multifacetado e muito mais generalista do que especialista em mídia. Esta é a era da interatividade e relação com as novas mídias”, disse Luciana Schwartz, diretora geral de mídia da Y&R e diretora da divisão técnica do Grupo de Mídia de São Paulo, entidade responsável pela publicação.
Paulo Camossa, diretor geral de mídia da AlmapBBDO, observa que hoje qualquer ponto de contato de uma marca com uma pessoa é um canal de mídia. “Por isso, é muito desejado o profissional que, além de fundamentos técnicos de mídia, seja criativo e capaz de planejar estratégias também”, destacou.
O Mídia Dados mostra que o investimento em veiculação de publicidade na mídia brasileira em 2007 foi 9,3% maior do que no ano anterior (considerando a inflação, o crescimento real é de 5%). O valor bruto (não considera os descontos praticados na negociação entre agências e veículos) é de R$ 21,1 bilhões, contra R$ 19,3 bilhões registrados em 2006.
A publicação traz a divisão do bolo publicitário (veja gráfico), números sobre investimentos, audiência dos meios, perfil demográfico e outros dados que traçam o cenário da publicidade no País. O levantamento revela que o Brasil subiu mais uma posição entre os países que mais investem em publicidade no mundo, passando a ocupar o sexto lugar.Mesmo assim, Ângelo Franzão Neto, presidente do Grupo de Mídia, considera que o crescimento do mercado ainda é muito tímido. “Esse crescimento se aplica muito mais pela estabilidade da economia e desvalorização do dólar do que o crescimento real do mercado. Acho que a atribuição que cabe ao mercado é de realmente criar forças e energias para superar a barreira de 1% do PIB”, disse Franzão, que é também vice-presidente de mídia da McCann Erickson.
Além de se orientar pelos bons números do primeiro trimestre, quando a mídia brasileira faturou 15,5% a mais com verbas publicitárias, as apostas são mais altas para 2008. “Em função do desempenho de setores como a indústria automobilística e o segmento imobiliário, acreditamos que o crescimento será até 7% maior do que em 2007”, afirmou Daniela Pereira, diretora de mídia da LongPlay. Segundo a publicitária, os clientes do ramo imobiliário da agência investiram 70% a mais em publicidade no primeiro semestre do que no ano passado.Com quase 60% de participação, a TV aberta continua liderando os investimentos publicitários. Em compensação, outros meios registraram crescimento: TV por assinatura teve 20,6% de aumento; revista 7,1%; jornal atingiu 15,2%; cinema cresceu 23,1% e a internet teve o melhor desempenho, com crescimento 45% maior do que em 2006.
Kelly Dores