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O mês de junho foi consagrado como o do orgulho LGBT. E o período também coincide a cada quatro anos com a realização da Copa do Mundo. Mas será que o futebol está aberto para a questão homossexual?
Com isso em mente, o brasileiro Roberto Fernandez e o espanhol Paco Conde, parceiros na Anomaly de Los Angeles, criaram uma ação batizada de “Same team Jersey”. O ícone do projeto é uma camisa que acopla tiras de diversas seleções nacionais que estão disputando a Copa do Mundo da Rússia: Australia, Brasil, Suécia, Islândia, Portugal, Japão, Bélgica, Senegal, França, Egito, Colômbia, Alemanha, Espanha, Coréia do Sul e Tunísia.
Todas as camisas têm impressa a frase “We belong the same team”, em uma tradução livre, “Todos pertencemos ao mesmo time”. Um time sem preconceitos, determinismos e limitações ideológicas em relação a opção sexual de qualquer pessoa.
Nas palavras de Fernandez, vestir essa camisa se resume na palavra orgulho. “A ideia é aproveitar para mostrar que o mês LGBT e do início do Mundial deveriam ser uma celebração global de inclusão e união. Infelizmente o futebol ainda é um dos esportes mais homofóbicos do mundo com poucos jogadores profissionais assumidamente gays. E para piorar, qualquer propaganda homossexual é proibida e com direito a multa e prisão na Rússia, país sede da Copa”, argumenta o criativo brasileiro que trabalha nos Estados Unidos há cerca de um ano.
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Uma pesquisa realizada pela ONG Stonewall, uma referência ao ponto histórico do movimento LGBT nos Estados Unidos, mostra que 90% dos fãs egípcios ficariam desconfortáveis se um jogador da seleção do país fosse identificado como gay, bissexual ou simpatizante.
A análise mostra que nas ligas europeias não há nenhum atleta profissional do sexo masculino que tenha exposto sua condição homossexual. E também que 42% dos fanáticos por futebol no Reino Unido já testemunharam algum tipo de comportamento homofóbico. Na Espanha, 25% da amostra declarou que não sentiria orgulho caso um jogador do time nacional fosse gay.
No Brasil a pesquisa anotou que houve um declínio do preconceito da ordem de 7% nos últimos três anos: de 67% em 2014 para 60% em 2017. “E isso é apenas o começo. Esses dados refletem a apenas a superfície do problema”, declaram Fernandez e Conde, que contaram com a participação de um coletivo de profissionais de marketing, design, moda e esportes do Brasil, Reino Unido e Espanha para materializar a ação.
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A pergunta básica do grupo é: “Como podemos aproveitar a atenção e o alcance global da Copa do Mundo para espalhar amor em vez de ódio para uma nova audiência?”. O Same Team Jersey quer unir forçar para espantar o preconceito. “Essa é uma oportunidade para colocar mais pressão na cultura do futebol para que haja aceitação. Desde a última segunda-feira (25), pessoas de todo o mundo têm mostrado apoio a essa mensagem”, explica Fernandez, lembrando que o primeiro time abertamente gay do mundo é o New York Ramblers.
Confira o case: