O peso da inflação, aliado aos gastos excessivos e ao acesso ao crédito, vem deixando o brasileiro cada vez mais endividado. A constatação foi feita pela empresa de pesquisa Kantar Worldpanel por meio do estudo intitulado “Closer”, que consultou cerca de 8200 domicílios do País, em cidades com população acima de 10 mil habitantes, a fim de desenhar um perfil do novo consumidor e auxiliar empresas a alcançarem seus clientes.
Segundo a pesquisa, no último ano, 53% das famílias tiveram despesas acima da renda obtida, ante a 50% do ano passado. Em 2009, a renda média foi de R$ 1.889 e o gasto médio de R$ 1.863, enquanto em 2010 os valores foram R$ 2.146 e R$ 2.171, respectivamente. Os gastos domiciliares são voltados a quatro itens: alimentos, transporte, bebidas e higiene pessoal – sendo que, quanto mais inovadores, práticos, saudáveis e personalizados forem os produtos encontrados nos supermercados, maiores as chances de conquistarem o consumidor.
Preocupações
A insegurança aparece no topo das preocupações do brasileiro, atingindo 69% dos entrevistados, seguida de saúde (55%), inflação (49%) e aquecimento global (44%). Com o aumento da insegurança, também há uma maior procura por programas dentro do lar e gastos com aparelhos eletrônicos e outras comodidades. No segundo trimestre, as despesas com TV por assinatura subiram 35% ante o mesmo período do ano passado. Já os gastos com banda larga aumentaram 25% e o dos pacotes combo, 20%. Com isso, a penetração nos lares cresceu 8% só no último ano, dando ainda mais fôlego ao e-commerce. Nesse período, 17% fizeram compras online, representando uma fatia de 34 milhões de consumidores que vêem na internet a chance de comprarem produtos por um melhor preço.
Além de alguns targets que já vêm sendo trabalhados pelas empresas, como mulheres que trabalham e têm renda própria e homens mais vaidosos e preocupados com a saúde, há dois públicos pouco explorados pelas marcas: os idosos, única faixa etária que gera mais renda que gasto (eles chegam a ganhar 7% a mais do que consomem); e os jovens que contribuem para o orçamento familiar, que, no caso dos das classes média e baixa, oferecem quase metade de seu salário às despesas da casa e, portanto, tem grande influência nas compras do lar. Aqueles que vivem sozinhos também devem ser lembrados, uma vez que o setor populacional de maior crescimento são os domicílios de um morador – em 10 anos, passaram de 9,1% para 12,2%, representando 33% de aumento.
por Heloísa de Oliveira