Embora a economia tenha apresentado índices mais favoráveis de setembro para cá, beneficiando entre outros segmentos o da comunicação do marketing, as previsões para os próximos meses não são favoráveis.

O propmark tem consultado empresários do setor a respeito e a maioria é pessimista com relação à retomada do crescimento que ora ocorre, atribuindo-a em grande parte ao costumeiramente aquecido último trimestre do ano.

Mas e a Copa do Mundo cada vez mais próxima? E os Jogos Olímpicos de 2016? E as eleições, que sempre agitam o país?

A partir de 2010 e até meados do ano passado, o otimismo era a tônica, a partir daí ficamos só com a esperança e, ao adentrar 2013, o mercado se deu conta finalmente de que teríamos um ano considerado ruim para novos investimentos e regular, abaixo da média, para o trivial.

Hoje, a menos de três meses para celebrarmos o Natal, as contas ainda não fecharam e 2014, até então visto como a grande luz no fim do túnel, acena para um desempenho se não comprometedor, no mínimo pouco favorável para compensar tudo o que dele se esperava.

O pior, dizem aqueles com os quais falamos, estará em 2015, já chamado de o ano da ressaca.

Segundo nossos interlocutores, o motivo que se sobrepõe a todos os demais reside na condução política do país, apresentando contradições e hesitações que abalam os rumos econômicos.

Não há um plano de governo e o pouco que houve, desde a posse da presidente Dilma Rousseff até aqui, desvaneceu-se diante da aproximação das eleições, foco maior de Brasília nos próximos meses.

Há nesse cenário um componente ainda mais desagregador que são as manifestações ditas populares, prejudicadas na sua espontaneidade e obediência às regras democráticas pela infiltração dos black blocs, transgressores que mereceram no seu surgimento apressados elogios e suspiros de admiração por parte de observadores do bloco “tudo parece novo para quem não conhece o existente”.

Porque esse tipo de infiltração violenta, com a prática de depredações e consequente terrorismo, acabou desanimando os cidadãos de bem a prosseguirem nos surpreendentes movimentos populares de junho passado.

Pior é que não se vê, por parte das autoridades constituídas, o menor interesse em desmascarar esses grupelhos, que tudo indica não serem espontâneos, próprios de uma juventude revoltada ainda que ultrapassando os limites da lei.

Percebe-se toda uma orquestração nas suas saídas às ruas, imediatamente após cada manifestação legítima de protesto por parte da população ordeira das cidades. A quem interessa esse tipo de violência praticada pelos black blocs? Quem está por detrás? Quem os manipula em direção à desqualificação dos movimentos ordeiros que põem o dedo em muitas feridas públicas?

Sem dúvida há gente poderosa mexendo os cordéis desses “chuckies”, provavelmente pagos para agir como agem, como qualquer exército mercenário.

Pois esses delinquentes, diante da inércia das autoridades, têm conseguido diminuir o ritmo do país, espalhando o medo e inibindo com isso o clima necessário para o deslanche da economia.

Quando os grandes anunciantes veem suas propriedades atingidas e destruídas por esses sabotadores da ordem pública e privada, com suas marcas relevantes em destroços, a retração impera.

Se esse é o Brasil que queremos, basta que prossigamos no mesmo conformismo no qual estranhamente mergulhamos após lutas vitoriosas, embora sofridas, contra a ditadura militar, o desplante do governo Collor e outras aberrações políticas mais recentes.

Se o nosso conceito de democracia é dar voz e vez ao crime, em virtude de uma equivocada interpretação de liberdade de expressão, só nos resta esperar por dias piores.

Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2470 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 14 de outubro de 2013