Foi intensa a atuação dos headhunters (caçadores de talentos) no mercado publicitário em 2011. Principalmente nas áreas de marketing das empresas multinacionais, que estão recrutando como nunca. A boa fase econômica no Brasil e a realização da Copa do Mundo 2014 no país são apontadas como alguns dos fatores “sazonais” que impactaram e favoreceram a maré alta de contratações de profissionais no marketing.

As empresas de recrutamento afirmam ter batido recordes de contratações em 2011 na área e a previsão para 2012 é de continuidade. “O ano foi muito movimentado. Atingimos patamares inéditos em números de contratações. O mercado de marketing é um dos mais impactados por mudanças econômicas e sazonalidades como um evento do porte da Copa do Mundo em 2014. Qualquer espirro no mercado impacta o marketing”, diz Amanda Oliveira, gerente da expertise de marketing da Hays Recruiting Experts Worldwide, empresa global de recrutamento.

Ela conta que, por causa da alta demanda, sua gerência dobrou de tamanho em número de pessoas. Para a especialista, outro ponto favorável é que as empresas estão valorizando mais o marketing como um setor estratégico e entrando em novas áreas de negócios, que precisam da inteligência do marketing por trás. “O profissional de marketing, por natureza, tem que ser antenado, com sede de novidades. O mercado sinaliza que 2012 será bom”, afirma.

A última Pesquisa Salarial e de Benefícios Online, realizada pela Catho Online, mostrou que um gerente de marketing de empresas brasileiras ganha, em média, R$ 7.818,00. Já para um diretor de marketing, o salário chega a R$ 18.602,00. A 37ª edição da pesquisa foi realizada entre 1º e 30 de setembro de 2011, contando com mais de 210 mil entrevistados – sendo que as 3.700 cidades de todo o país participaram. O levantamento é atualizado trimestralmente e traz dados de mais de 1.935 cargos. A Catho Online se posiciona como o maior classificados online de currículos e empregos da América Latina.

Comunicação

Você já deve ter ouvido alguém falar que as pessoas que trabalham com comunicação são mais soltas e menos formais. Tanto é assim que, na hora de procurar um trabalho, os primeiros a serem procurados são aqueles do networking. No meio jornalístico, isso é fato. Sempre que surge uma vaga na redação, o diretor pergunta se alguém conhece um jornalista para indicar. Nas agências de publicidade, a coisa funciona mais ou menos assim, com características peculiares.

“O mercado publicitário tem uma característica bem particular em relação à contratação. Dificilmente as agências recorrem a consultorias e, quando recorrem, são consultorias pequenas, com característica de boutique. Isso porque o mercado de agência e de veículos funciona muito por indicação, muito mais do que qualquer outro. Todo mundo se conhece, as pessoas mais renomadas são ‘famosas’”, diz Amanda Oliveira, da Hays.

A especialista afirma que o meio publicitário é um mercado em que a mobilidade é normal, vista com menos tabus. “Quando aparece um projeto, o publicitário muda. É ok mudar de agências. O tempo que as pessoas ficam nas empresas é menor, em torno de dois anos. É um mercado em que mudar de emprego é natural, as coisas acontecem mais informalmente”, ressalta Amanda.

Sigilo

O headhunter, que se traduzido ao pé da letra é um caçador de cabeças, é um consultor em recrutamento. Sua missão é buscar grandes talentos, profissionais com função core, estratégica nas empresas. Em geral, as empresas que optam por acionar um headhunter necessitam que a contratação seja rápida e sigilosa.

No mercado de agências, um dos profissionais conhecidos com esse perfil é o jornalista Adonis Alonso. “A atividade de headhunter é apenas uma opção dentro do trabalho de consultoria, a qual me propus a fazer desde 2001. Somam-se aí a fusão, compra e venda de agências ou sociedade de profissional com empresa”, explica Alonso, diretor da Criatix Comunicação, empresa de consultoria e assessoria de  marketing e publicidade.

Alonso afirma que a demanda nas agências já foi bem maior e que a tendência atual é de promover profissionais ou mudar funções. “Atualmente buscam-se muitos planejadores para comando de área e particularmente new business”, diz. Ele também conta que algumas agências apostam em nomes que os consultores apontam, especialmente quando procuram alguém para assumir um posto acima do que executa atualmente. “’Será um bom diretor?’ É a pergunta mais frequente”, destaca Alonso.

Sobre a média de salários de um criativo em agência, o consultor diz que o currículo é o limite. “A média de salário de um vice-presidente de atendimento, planejamento, mídia e novos negócios varia, em uma grande agência, entre R$ 25 e R$ 50 mil. No caso de criativos, numa agência média, R$ 20 mil, numa grande, a partir de R$ 45 mil e aí o limite é o currículo. Já fechei contratação de um vp de criação numa multinacional por R$ 80 mil mais bônus”, relembra Alonso.

por Kelly Dores