A Buscapé Company, dona do site que é sinônimo de comparação de preços, está posicionada como uma plataforma digital completa de compra, com serviços e produtos como o e-bit, o próprio Buscapé e o programa de afiliados Lomadee. O vice-presidente de desenvolvimento de negócios e estratégias do Buscapé Company, Guga Stocco, afirma que a operação mobile foi um dos destaques de 2012, quando a empresa investiu R$ 20 milhões em mídia para lançar o aplicativo. Para este ano, ele prevê que a sofisticação do e-commerce brasileiro – que deve chegar a um faturamento de R$ 13 bilhões – e o crescimento da audiência, principalmente no mobile, vão impulsionar mais o negócio, “que está crescendo muito”.
Como o Buscapé é conhecido pelos consumidores?
Hoje o objetivo principal do Buscapé é trazer poder ao consumidor. Quando um brasileiro pensa no Buscapé, ele pensa em ir a um lugar onde vai comparar preços, vai comprar pelo melhor preço e conseguir fazer a melhor compra. O que a gente vem divulgando sempre, é para que o consumidor possa ter a melhor decisão de compra.
O site é sinônimo de comparação de preços?
É sim. Acho até engraçado quando vejo no jornal citações como o ‘Buscapé dos seguros’. Meio que o Buscapé já virou verbo quando se fala em comparação de preços. Também são quase 14 anos.
Foi um dos primeiros na área?
Foi o primeiro comparador de preços no mundo. Houve diferença de algumas semanas para o lançamento de um site similar nos Estados Unidos.
Qual é o posicionamento da marca no mercado? É líder na América Latina?
No segmento de comparação de preços, somos líderes. Talvez alguns competidores sejam o Zoom e o Google Product. Em termos de audiência, é um dos maiores sites, senão o maior, do comércio eletrônico. Às vezes o Mercado Livre está um pouco acima, às vezes o Buscapé está no topo.
A audiência é de quanto?
Não podemos divulgar.
Vocês revelam faturamento?
Não abrimos esse dado.
E qual é o crescimento?
Por exemplo, o Lomadee, programa de afiliados, teve um crescimento gigantesco, de mais de 400% de um ano sobre o outro (o avanço revelado é de mais de 450% entre 2011 e 2012, atingindo mais de 2 bilhões de páginas e 130 mil sites). Há algumas unidades que crescem muito. O Buscapé também tem um crescimento expressivo.
Qual é o core business do Buscapé hoje?
O core business hoje é comparação de preços, mas quando dizemos trazer poder ao consumidor isso passa por todas as marcas do grupo. Buscapé é líder em comparação de preços e é um dos maiores business, só que ele vem logo seguido do Lomadee, que é o nosso programa de afiliados.
Como funciona esse programa?
Por exemplo, o Submarino quer vender seus produtos em outros lugares. Para isso, ele tem que comprar mídia, como no MSN ou Terra, e paga um valor X por essa mídia. Do que vendeu, ele faz a conta e vê o que a mídia pagou ou não. O programa de afiliados é um pouco diferente. A gente tem uma tecnologia que conecta com o varejista e do outro lado temos os nossos afiliados, que são blogueiros e sites. Temos 2 bilhões de páginas e mais de 130 mil sites. Vamos supor que o Submarino está vendendo o iPhone e do outro lado temos o blog do iPhone, que quer vender o produto para os seus clientes. Ele pega o iPhone no Submarino e põe para vender dentro do blog dele, em um formato de publicidade, num link onde ele comenta e tudo mais. Ou também pode fazer isso no Facebook.
De que jeito dá para fazer isso no Facebook?
Aquelas ofertas da TAM em páginas do Facebook, por exemplo, são tecnologias providas pelo Lomadee. Quando o usuário compra o iPhone no blog ou a passagem da TAM no Facebook, a nossa tecnologia conecta tudo isso e diz o seguinte: ‘o blog do iPhone vendeu R$ 100 mil e o Submarino vai pagar comissão de 10%’. Mesmo caso com a TAM, e então o blog fica com esse comissionamento. Isso é muito interessante porque a gente propiciou que uma série de blogueiros passasse a ter o Lomadee como principal renda. Tem empresas grandes, inclusive, que estão vivendo de Lomadee. Está virando uma quebra de paradigma. O marketing de afiliação é muito forte nos Estados Unidos e no Brasil nós somos líderes absolutos, nós que criamos o marketing de afiliados aqui.
Quando começou isso?
O marketing de afiliados começou junto com o Buscapé, com o nome Buscapé afiliados. Foi uma forma de estender a marca. Aí ele cresceu muito e criamos uma empresa para administrar e oferecer para terceiros. Isso faz uns três anos. Depois profissionalizamos e hoje o Lomadee é a segunda maior empresa do grupo. Hoje todos os maiores varejistas estão com a gente, como Americanas, Submarino, Dell, Apple, Nokia, Walmart e Carrefour. Mais de 80% das vendas do Black Friday, por exemplo, passaram pela rede do Lomadee. Temos um calendário com mais de 60 campanhas em datas promocionais, como Dia das Mães. Estamos organizando o comércio eletrônico para seguir essas datas e colocar esses 130 mil sites para vender.
Como é a divisão da comissão?
Da comissão, o Buscapé fica com 49% e o afiliado com 51%. O mercado é dinâmico, os próprios varejistas competem entre si, eles controlam as porcentagens sobre os produtos para atrair os afiliados com margens maiores.
Quais são os principais concorrentes na área?
Estão entrando no Brasil algumas empresas para concorrer. Mas elas faturam pouco e a gente não as vê como concorrentes em afiliação. O que eles acabam fazendo é comprar mídia e vender mídia de performance.
O marketing de afiliação é mais forte em redes sociais?
As redes sociais são um fenômeno. A gente nunca pensou em criar um programa de afiliados para redes sociais, simplesmente aconteceu. Você pode entrar no Lomadee como pessoa física e não como lojista e ser um afiliado. As pessoas começaram a pegar uma oferta da TAM e postar na página delas. Para se ter uma ideia, um afiliado nosso vendeu R$ 5 milhões em dezembro no Facebook. Ele gastou R$ 600 para isso. O negócio viralizou. Hoje ele tem 500 mil likes. Foi um trabalho bem feito de conteúdo que ele fez. Se ele ficar com uma média de 5%, ele tirou R$ 25 mil.
Vocês fizeram algum trabalho de marca recente para o Buscapé?
A gente fez um trabalho de marca forte agora. Todo mundo conhecia o Buscapé como comparador de preços. Mas só que temos o Buscapé Company, que é a empresa dona de tudo. Mudamos o logo do Buscapé e criamos a Buscapé Company. A Buscapé Company está posicionada como a empresa que detém todos os serviços para levar poder ao consumidor, que ao entrar aqui vai ter algum benefício para ter a melhor compra e para o varejista damos a eles as ferramentas para vender mais. Tem esses dois lados, com marcas como o Buscapé, que é o comparador de preços, e o Lomadee, que é o programa de afiliados. O próprio e-bit é um selo que garante se a loja é boa ou não. A gente regula o comércio eletrônico com o e-bit e está sempre pensando em ferramentas para melhorar a compra. Temos um departamento de fusões e aquisições aqui dentro que está constantemente analisando empresas que tenham a ver com o que a gente faz.
Quantos funcionários a empresa tem hoje e quais os mercados em que atua?
São 1.200. A atuação é Brasil e América Latina. O Brasil é de longe o maior mercado. Temos operação também na Colômbia e na Argentina, onde adquirimos as principais empresas de meio de pagamento. Tem Buscapé em toda a América Latina.
Como você avalia o e-commerce brasileiro em relação a outros países?
Acho que um comparativo legal é o Black Friday. O Brasil foi responsável praticamente por um terço das vendas do mercado online dos Estados Unidos na data. Significa que o comércio eletrônico no Brasil já é um dos maiores do mundo. Óbvio que tem uma discrepância grande com o EUA, que está lá em cima, seguido da China e Inglaterra. Mas o Brasil já está maior que Espanha e França. Está com certeza entre os Top 10 do mundo.
E a questão da entrega, que é um entrave, dá para melhorar?
Esse é um problema grave. O que acontece é que o Brasil é um país de dimensões continentais. Tem cidades que só os Correios chegam. E os Correios não entregam uma geladeira, por exemplo. Tem uma série de problemas quando se olha o Brasil como um todo. Eu diria que melhorou muito nos últimos anos, mas melhora principalmente nos grandes centros, por uma questão de infraestrutura. Um dos limitadores para o comércio eletrônico brasileiro não ser quatro vezes maior do que é hoje está atrelado à entrega, mas está crescendo muito.
Quanto o e-commerce cresce?
O comércio eletrônico como um todo cresce 20% ao ano no país. Só que tem segmentos que acabam crescendo muitos mais.
O que vende mais na internet?
Em termos de faturamento são os eletrônicos.
Como está a operação mobile?
O mobile é praticamente uma empresa separada, que eu também gerencio. A audiência do mobile chega a ser 10% da audiência da web. Para lançar o aplicativo mobile, a gente gastou R$ 20 milhões em campanha de mídia, em dezembro. Fomos para TV, Metrô, Elemídia, revistas, fizemos uma série de ações. A gente ligou para algumas pessoas que compraram via mobile. Teve um consumidor em Pernambuco, por exemplo, que comprou uma TV de R$ 12 mil. Ele disse que comprou porque não tinha uma TV daquela na sua cidade e porque achou o máximo a comparação de preços. Ele não conhecia o Buscapé, contou que não tinha computador, mas que tinha um iPhone, e foi impactado pela propaganda. Outro consumidor contou que estava na cama, assistindo TV e lembrou que precisava comprar uma. Disse que foi muito fácil. Por isso tivemos um faturamento expressivo em mobile este ano.
Qual agência criou a campanha?
Foi a J.Com, junto com a nossa equipe interna. Gastamos R$ 20 milhões.
O que mudou no mercado com a entrada da Amazon?
A Amazon entrou com produtos digitais. Quem tem mais medo da Amazon são os próprios varejistas. Para a gente é bom, porque o Buscapé é uma solução para o varejista competir com a Amazon.
Quais são as perspectivas de negócios para o setor este ano?
O negócio está crescendo muito, porque o mercado está mais sofisticado e a audiência maior. O final de 2012 foi uma loucura. O Buscapé bateu recorde de faturamento em dezembro do ano passado. E começou muito forte o ano. A gente acredita que em 2013 vai ter um crescimento expressivo também.
Desde quando o Buscapé está com a plataforma mobile?
O Buscapé sempre tentou a plataforma mobile, começou lá atrás com o WAP. Quando a gente conseguiu criar essa tecnologia exclusiva que consegue comprar em todas as lojas, saímos concorrendo e lançamos em novembro do ano passado. Nesses três meses, mais de um milhão de pessoas usaram o aplicativo do Buscapé no mobile.