A presença de celebridades e influenciadores no board de empresas parece ser a grande novidade do mundo corporativo em 2021. O caso mais conhecido é o da cantora Anitta, que passou a ocupar um assento no conselho de administração do NuBank, uma das maiores fintechs do Brasil. Mas quem acompanha as movimentações do mercado sabe que esse caso não é isolado – pelo contrário, é uma tendência que se consolida cada dia mais.
Iza, Manu Gavassi, Marina Ruy Barbosa e Taís Araújo são alguns exemplos de cantoras e atrizes que recentemente passaram a influenciar os rumos de companhias às quais se associaram. Há muito tempo empresas buscam associar sua imagem a celebridades, mas vemos agora um salto qualitativo, com esse tipo de parceria extrapolando o universo meramente publicitário e chegando às instâncias decisórias no interior das companhias.
Outro caso emblemático, mas internacional, foi a nomeação da influenciadora italiana Chiara Ferragni para o conselho de administração do grupo italiano Tod’s. Com mais de 23 milhões de seguidores no Instagram, a chegada de Chiara fez com que as ações da marca disparassem no dia do anúncio.
Críticos dessa tendência costumam apontar a falta de preparo dos influenciadores para lidar com as tarefas de um board, mas esse argumento ignora a real intenção de tais contratações. Peguemos o exemplo da Anitta. Ela não tem, de fato, uma formação acadêmica em finanças, mas acumulou enorme experiência em marketing, branding, comunicação em redes sociais e relações públicas. É esse olhar que a empresa quer incorporar ao seu board.
Apesar dos ganhos, parcerias desse tipo exigem muito cuidado. O influenciador precisa estar disposto a aprender muito, especialmente nos primeiros meses, e a se comprometer verdadeiramente com seu trabalho de conselheiro. Seu cargo não pode ser figurativo – até porque, como membro do colegiado, ele passará inclusive a responder judicialmente pela corporação quando necessário.
Já a empresa precisa avaliar os riscos para a sua reputação. Qualquer ação dessa celebridade, positiva ou negativa, acabará associada à própria companhia. É preciso muita responsabilidade para evitar que aspectos da vida pessoal do influenciador tragam prejuízos à marca.
Nunca a sociedade cobrou tanta responsabilidade social das empresas. A escolha das marcas pela presença de influenciadores em conselhos administrativos parece ser uma maneira de responder a esse anseio, trazendo engajamento para o topo do mundo corporativo. Se essas relações forem construídas com honestidade e bom planejamento, as marcas – e toda a sociedade – só têm a ganhar.