Anunciantes, agências, meios, produtoras e fornecedores do mercado têm redobrado seus esforços para superar este período econômico recessivo do mercado brasileiro. Isto significa que a iniciativa privada desempenha bem o papel que lhe cabe no cenário nacional, compreendendo as dificuldades presentes e procurando saídas para a crise.

Falta, porém, a colaboração do governo, incapaz de assumir seu protagonismo por não entender, ao que tudo indica, do que se trata o atual quadro de retração da nossa economia.

O que mais se vê nas hostes oficiais é uma postura de alheamento em relação à realidade, lembrando o famoso baile da Ilha Fiscal às vésperas da queda do Império.

Se o ex-presidente Lula da Silva, ainda figura atuante na política nacional, declara em alto e bom som não aguentar mais ouvir falar do tríplex do Guarujá e do sítio em Atibaia, a população brasileira não aguenta mais suportar os efeitos de uma crise que em sua grande maioria não contribuiu para ocorrer.

Jogando para uma plateia específica, a presidente Dilma Rousseff procura falar o que os seus seguidores querem ouvir e não o que a nação deseja e necessita. Seria melhor para todos que ela rapidamente apresentasse um plano de salvação nacional, em vez de somente insistir na volta da CPMF e nos ataques verbais a quem lhe faz oposição, ela que tanto fala em democracia.

A população aguarda decisões sérias como o prometido corte dos não concursados do seu governo e um movimento inteligente de estímulo aos setores que produzem a riqueza do país e contribuem de forma decisiva com os números do nosso PIB.

O cansativo comportamento de quem parece estar sempre em campanha, já não satisfaz o povo, que tem evoluído na sua percepção e sabe distinguir o fato caricato.

Entendemos que o impeachment já é coisa que passou da hora, o que S. Exa. deve comemorar e resolver governar para todos e não apenas para os grupos ao seu entorno, devidamente instruídos para lhe aplaudir.

Seu compromisso é com 204 milhões de habitantes deste país, que passam – ressalvadas conhecidas exceções – por momentos que a cada dia ficam mais difíceis. Pense S. Exa. no exemplo da iniciativa privada, que, em crises como a atual, corta despesas e exige mais dos seus colaboradores, indicando o caminho a seguir.

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Sempre à frente do seu tempo, a AlmapBBDO concluiu um grande estudo sobre o relacionamento das emoções com a publicidade.

Segundo Annamaria Marchesini, o grupo de trabalho que se debruçou sobre o tema dentro da agência partiu da neurociência para atingir insights muito interessantes e até curiosos sobre a relação de consumidores e marcas.

A agência promoverá a apresentação de um preview do estudo na próxima quarta-feira (24), em um auditório de hotel em São Paulo, seguido de um debate mediado por Monica Waldvogel, com a participação de Marisa Orth, Amora Mautner e Jorge Forbes.

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Após sua mal pensada campanha publicitária, através da qual procurou amenizar os danos causados à sua imagem pelo desastre ambiental de Mariana (MG), que se espalhou por todo o trajeto do Rio Doce até atingir o Atlântico, passando pelo Espírito Santo, a Samarco volta ao noticiário devido à abertura de processo do Conar.

A entidade do trade da propaganda brasileira, reconhecida inclusive pela Justiça Comum, que lhe remete ações da sua competência analisar e julgar, pretende verificar denúncias que tem recebido sobre a campanha Fazer o que deve ser feito, o que certamente a empresa não fez para prevenir o colossal dano causado ao meio ambiente e às pessoas vítimas da arrebentação da barragem que retinha os resíduos químicos e minerais processados pela empresa.

A campanha publicitária, segunda ação de comunicação da Samarco com o público após o desastre, poderia ter sido mais sutil ou até mesmo não existido, após tamanha infelicidade causada pela incúria da empresa anunciante.

Nela, não há sequer um leve pedido de desculpas por parte da Samarco, possivelmente fazendo crer que o ocorrido não passou de um acidente da natureza.

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Merece elogios a iniciativa da Fenapro lançando o Decálogo da Propaganda, objeto de matéria em nossa última edição (15/2).

Como a atividade publicitária não tem poucos inimigos, é sempre bom que as entidades de classe se movimentem com certa frequência e saiam em sua defesa, esclarecendo ao grande público sobre os benefícios por ela proporcionados à coletividade.

O Decálogo da Propaganda foi inspirado na iniciativa do mercado publicitário espanhol, denominada PublicidadSi!, o que revela que o movimento crítico não se restringe ao Brasil.

A campanha do Decálogo está sendo distribuída a todo o país pelos Sinapros, para ser veiculada o mais intensamente possível.

O item 5 do Decálogo merece reprodução: “(A propaganda) Sustenta os meios de comunicação que garantem a informação livre e acessível, além de entretenimento de qualidade”.

Simples assim, mas tem de ser periodicamente lembrado.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência