A turma do aplicativo Timokids, de leitura de livros infantis

 

Na mira de diversos grupos, tanto do governo quanto da sociedade civil, a publicidade infantil parece ter nas campanhas de utilidade pública uma alternativa para sair do fogo cruzado. Na resolução 163 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), que considera abusiva a publicidade dirigida a menores de 12 anos e publicada recentemente no Diário Oficial da União, tem um artigo que aborda o tema, fazendo a exceção: “As disposições neste artigo não se aplicam às campanhas de utilidade pública que não configurem estratégia publicitária referente a informações sobre boa alimentação, segurança, educação, saúde, entre outros itens relativos ao melhor desenvolvimento da criança no meio social”. Vale lembrar que a resolução do Conanda –  órgão ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – é uma recomendação dirigida ao mercado, sem força de lei.

Dentro desse contexto, o aplicativo gratuito Timokids, de leitura de livros infantis, com histórias e jogos ilustrados, encontrou nas histórias patrocinadas de cunho social o modelo de negócios para impulsionar o app. Fabiany Lima, CEO do Timokids, diz que as companhias que se interessarem em patrocinar histórias no aplicativo podem escolher temáticas socioeducativas de acordo com sua área de atuação ou mesmo abordar um assunto que seja de interesse comum, como o meio ambiente.

“Uma empresa da indústria farmacêutica, por exemplo, pode patrocinar histórias relacionadas a alguma doença na infância ou sobre hábitos alimentares. O próprio governo pode fechar patrocínio para orientar as crianças a como utilizarem a água de forma consciente”, cita Fabiany.

A executiva destaca que o aplicativo foi lançado em março deste ano e já atingiu 90 países, sendo que na África está no top 10 da Apple Store entre os apps de educação. “Existem poucas opções de aplicativos de educação voltados para crianças”, ressalta ela. “O crescimento do app na internet é orgânico, sendo que 68% dos downloads são realizados no Brasil”, conta.

Segundo Fabiany, já foram feitos mais de 10 mil downloads desde o lançamento do Timokids, sendo que a perspectiva é chegar a 100 mil downloads até o final deste ano. Hoje, o aplicativo está disponível apenas para iOS, mas a previsão é que dentro de 90 dias seja lançado para Android.

O conteúdo do site é desenvolvido em conjunto com autores, ilustradores, psicólogos e pedagogos e as histórias são escritas em três idiomas: português, inglês e espanhol. Também há a opção de histórias com áudio para crianças ainda não alfabetizadas.

Paulo Gomes: publicidade como colaboradora da educação infantilFabiany acrescenta que o aplicativo tem uma linha de personagens Timokids e que as   marcas também podem ter seus personagens próprios dentro da plataforma. “Agora estamos na fase de captação de investimento para expansão. Já temos acordos em andamento com algumas companhias. Nosso objetivo é trazer mais marcas para apoiar o nosso conteúdo com histórias patrocinadas”, relata ela.

Movimento

Entre os projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional que versam sobre a proibição à publicidade para crianças está o PL 5921/2001, de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), aguardando parecer do relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC).

 

Obviamente, há uma movimentação do mercado publicitário. No último encontro dos capítulos regionais da APP (Associação dos Profissionais de Propaganda), por exemplo, o advogado Paulo Gomes de Oliveira Filho, diretor da APP, ressaltou: “Não podemos simplesmente ignorar como se as crianças não existissem até os 12 anos. Deveríamos focar na orientação ao consumo correto de produtos e serviços, independente do público que recebe a mensagem”. Ele ainda destacou a importância de cumprir o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária: “A melhor resposta para os que elegeram a publicidade como rival da criança e do jovem é apresentar a publicidade como um potencial de eficácia na colaboração com a educação dos novos consumidores”, concluiu ele.