#SomosLivres é o nome da campanha nacional de prevenção e informação sobre a escravidão contemporânea, lançada pela Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e pelo Ministério Público do Trabalho. A iniciativa busca chamar a atenção para a gravidade do problema no Brasil, além de lutar contra mudanças propostas em projetos de lei, atualmente em trâmite no Congresso Nacional, que, se aprovadas, irão flexibilizar a definição de trabalho escravo em território brasileiro e facilitar a ocorrência de novos casos. 

A campanha teve como base uma recente e alarmante pesquisa realizada pela Ipsos, que identificou que a maioria dos brasileiros não sabe responder com clareza o que caracteriza uma situação de escravidão. O levantamento aponta ainda que 27% afirmam diretamente não saber do que se trata o tema. 

“Percebemos que existe hoje uma grande confusão sobre o conceito de trabalho escravo, em especial no que se refere a condições degradantes e jornada exaustiva. Falta consciência sobre a gravidade da situação, que é muito mais séria do que ter alguns direitos trabalhistas desrespeitados ou receber uma remuneração baixa”, diz Christiane Vieira Nogueira, da coordenação nacional para erradicação do trabalho escravo do Ministério do Trabalho. 

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Desde 1995, quando o governo brasileiro reconheceu a existência do trabalho escravo no país, cerca de 50 mil pessoas foram resgatadas por meio de operações de fiscalização do Estado em atividades ligadas à agropecuária, ao extrativismo, à produção de roupas, à construção civil, ao comércio e à exploração sexual. 

O lançamento oficial da campanha #SomosLivres aconteceu em São Paulo, em um evento que também contou com o apoio da Organização Internacional do Trabalho, da Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo de São Paulo, da Comissão Municipal para a Erradicação do Trabalho Escravo de São Paulo e da ONG Repórter Brasil. 

Kailash Satyarthi, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2014 e apoiador da campanha, contou sua experiência no combate à escravidão em diversas partes do mundo. Nascido na Índia, ele é um dos líderes do movimento global contra o trabalho infantil e o trabalho escravo, tendo libertado mais de 83 mil crianças e milhares de adultos em seu país natal. Também desenvolveu um modelo de sucesso para educação, reabilitação e reintegração das vítimas, e seus esforços levaram à adoção da convenção sobre as piores formas de trabalho infantil pela Organização Internacional do Trabalho. 

AÇÃO
A campanha #somoslivres busca envolver o público na causa da erradicação do trabalho escravo por meio de ações de engajamento e ativação nas mídias online e off-line. “Queremos gerar nas pessoas uma conexão emocional com o tema por meio da aproximação dos conceitos que definem o trabalho escravo moderno com o papel que todos possuem nessa jornada”, explica Bruno D’Angelo, vice-presidente da Ideal H+K Strategies, responsável pela concepção do projeto.

Os indivíduos impactados pela campanha, que também explorará ao máximo a hashtag #SomosLivres nas redes sociais, serão direcionados a um hub online de ferramentas e informações sobre como ajudar no combate ao trabalho escravo no Brasil, disponível no site: www.somoslivres.org 

Como primeira ação, eles poderão atuar no combate à tentativa de redução do conceito legal de trabalho escravo, entrando em contato diretamente com parlamentares por meio de e-mails ou outros canais disponíveis no site.