David Lubars

O americano David Lubars, nova-iorquino do Brooklyn, 50 de idade e 27 de publicidade,  vai presidir os júris de Filme e Press do Cannes Lions 2009, entre 21 e 27 de junho.

Lubars é presidente e chief creative officer da BBDO North America e um dos nomes ligados a uma grande unanimidade criativa dos últimos tempos, o case “Voyeur”, feito para a HBO, invejado por 10 entre 10 publicitários e  verdadeiro furacão de prêmios por todas as competições pelas quais passou neste ano, incluindo os GPs de Promo e Outdoor do Cannes Lions 2008.

Para quem não sabe ou não se lembra, “Voyeur” é uma sensacional estratégia realizada nos Estados Unidos com a projeção de imagens na fachada de um prédio. Muita gente foi pra rua, até debaixo de chuva, acompanhar o que seria a intimidade dos moradores no interior e aconchego de seus doces e respectivos lares. Exatamente como se fosse novela ao vivo, programa de TV na hora, HBO na veia. Além da rua, a ação foi estendida à TV e à internet.

O trabalho de Lubars também está ligado ao fato de a BBDO NY ter sido o maior fenômeno de Cannes neste ano, a maior devoradora de Leões e papa-GPs da paróquia. Com o sucesso de “Voyeur”, ela ficou com o Leão de Agência do Ano do festival, com um total de 68 pontos. Na verdade, o festival foi bom para a rede BBDO em geral, que também ganhou o Leão de Net-work do Ano, graças ao trabalho da brasileira AlmapBBDO, em segundo lugar com 62 pontos. Ou seja, se não fosse Lubars e “Voyeur”, a Almap teria sido a Agência do Ano do Cannes Lions 2008.

Lubars dá uma clássica resposta ao comentar uma clássica pergunta sobre sua indicação para comandar os júris. “É uma grande honra. Cannes é o festival mais importante”, ele disse semana passada ao propmark, por telefone, direto de seu escritório em Nova York, na Avenida das Américas, onde geralmente chega às 9 da manhã e sai muitas vezes tipo 10 da noite. “Trabalho muito”, sintetiza.

Lubars já tem pedigree de Cannes. Em 2006, presidiu o júri do Titanium Lions liderando um dos processos de avaliação mais rigorosos do festival que resultou no Grand Prix ao trabalho de design japonês “Código de Barras”.

Lubars acha a competição de filme mais importante que a de Titanium, que tem muita coisa “chata”. “Filme está mais interessante novamente”, afirmou. Lubars conta que gosta “muito” dos dois GPs de Filme deste ano, o comercial inglês “Gorila”, da Fallon para Cadbury, e “Believe”, da McCann para o Halo 3/Xbox.

Sobre a publicidade brasileira, Lubars diz que conhece bem. “Adoro. Gosto do estilo. O Brasil é um dos melhores países do mundo na indústria publicitária”. Elogia Marcello Serpa, sócio e diretor de criação da AlmapBBDO. “É o meu favorito no mundo”.  Lubars avalia que além dos comerciais e trabalhos impressos, a Almap também faz “bom” trabalho digital.
Sobre filmes ou outros cases da publicidade mundial deste ano, que já poderiam ser candidatos a Leão, Lubars diz que não viu nada que fez “buzz”.

Na semana passada, ao ver notícias de recessão confirmada nos Estados Unidos, Lubars avaliou que a situação é “triste”. “Vamos viver uma situação financeira difícil por mais uns 15 meses ou dois anos”, ele prevê. “Mas isso pode ter um efeito positivo nas agências criativas. Quando os orçamentos estão em questão, você busca inovação para que eles possam expandir”.

por Marcello Queiroz