Rodrigo Almeida fala sobre cases que, na sua opinião, podem conquistar prêmios

No  júri de Innovation Lions, Rodrigo Almeida reflete sobre o significado de inovação e dá a sua opinião em relação aos cases que podem sair vencedores da categoria. “Acho que para ser um real candidato em Innovation, você precisa ter inventado alguma coisa. ‘Coisa’, mesmo. E não ‘ideia’, como a gente faz habitualmente”, diz o diretor-executivo de criação da AlmapBBDO, agência que, como ele fala, tem uma história muito ligada à do próprio festival.

“Estamos presentes ano após ano. Em 2023, mais uma vez, estamos inscrevendo os trabalhos que se destacaram e vamos para Cannes orgulhosos e esperançosos, sempre nessa ordem”. “Inclusive, boa sorte a todos!”

Inovação
Inovação é uma palavra com significado muito amplo, né? E, além disso, sejamos honestos: ela está um pouco gasta. O tempo todo tem alguém buscando ou oferecendo inovação, sem a gente parar muito para pensar se estamos mesmo dando a essa palavra a relevância que ela merece. Mas acho que uma coisa pode ajudar a definir o que é inovação: a sua reação quando escuta uma ideia. Se você se arrepiou, teve vontade de contar para todo mundo, sentiu inveja ou profunda admiração, provavelmente você esbarrou em alguma coisa verdadeiramente inovadora.

Categoria
Acho que para ser um real candidato em Innovation, você precisa ter inventado alguma coisa. “Coisa”, mesmo. E não “ideia”, como a gente faz habitualmente. Não é só ter uma campanha inovadora, um conceito disruptivo ou uma maneira completamente inédita de engajar o seu público. Outras categorias estão olhando para isso. Em Innovation, não é suficiente. Vencedores desse Leão criam casas que resistem a catástrofes, desodorantes com um design completamente inclusivo ou um couro feito de abacaxi (todos casos reais). É uma categoria complexa, mas, acima de tudo, inspiradora.

Experiência
Está sendo a minha primeira vez julgando Cannes. Estou respondendo no presente, porque o julgamento já começou, online. Mas já julguei outros prêmios internacionais e a experiência é sempre muito enriquecedora. Por enquanto, é algo muito solitário. Só você e o computador. Mas, daqui a pouco chega a parte mais interessante: os debates entre os jurados. Você tem a oportunidade de escutar outros pontos de vista, diferenças culturais etc. Se estiver de coração aberto, vai sair um profissional muito mais preparado do que entrou.

Expectativas
As expectativas são altíssimas. É uma categoria muito diversa, que extrapola qualquer limite da comunicação. Em muitos casos, nem tem nada a ver com comunicação. Mas com criatividade, tem. Sempre. Já vi muita coisa impressionante até aqui e espero ver ainda mais.

Imersão
A primeira coisa que eu fiz depois do convite foi mergulhar nos resultados dessa categoria em anos anteriores. Estudar cada case, ler as fichas de inscrição, pesquisar sobre os trabalhos premiados na internet em geral e não só nos sites de propaganda. Uma imersão em Innovation, mesmo, para me sentir mais preparado. E, como falei, já tive contato com os trabalhos e meus colegas do júri, também. Inclusive porque Innovation divulga a shortlist semanas antes de o festival começar oficialmente. Os finalistas da categoria têm de se preparar para apresentar seus cases presencialmente para o júri, por isso a antecedência.

Rodrigo Almeida: “Que vençam os trabalhos mais criativos e eficazes do mundo” (Divulgação)


Esse é o tipo de oportunidade que vai te ajudar a ser um profissional melhor. Se não ajudou, é porque você fez alguma coisa errada. Acho que agregam muito para a carreira sobretudo as experiências de receber uma enxurrada de inspiração em um curto período de tempo e da troca de visões com criativos de todos os cantos do mundo.

Games
Conversando com um amigo que foi jurado em um outro prêmio internacional recentemente, ele me disse: “agora tudo é game”. Confesso que estou ficando com essa sensação, também. Não foi à toa que Cannes criou uma categoria específica para o tema. As ideias com games estavam presentes e dominantes em muitas outras, há pelo menos dois anos. Acredito que chegamos no estágio de olhar para os games e o metaverso como mais um ponto de contato. E precisamos ser ainda mais criativos a partir daqui, para trazer experiências que sejam realmente inovadoras para o público e as marcas. Os resultados de Cannes devem refletir essa subida de sarrafo, se a percepção de que “agora tudo é game” for geral.

Inteligência artificial
Mesmo antes de começar o julgamento, já estávamos vendo muitas ideias baseadas em inteligência artificial em todas as categorias, de Print a Innovation. Isso certamente vai ser uma tendência, não sei se necessariamente uma novidade, já que é uma expectativa geral. Eu vou adorar se os júris tiverem a sensibilidade de premiar as ideias e não as ferramentas. Que vençam muitos trabalhos com inteligência artificial, metaverso, games, mas que sobretudo vençam os trabalhos mais criativos e eficazes do mundo.