Maurice Levy, do Publicis, assinando acordo com Wren em Paris: negócio pode atrasar

 

Depois de ter passado pelos órgãos antitruste dos dois mercados mais complexos – o americano e o europeu –, a fusão entre Publicis Groupe e Omnicom, que resultará na maior holding de comunicação do mundo por receita – estimada em US$ 23 bilhões – e um valor de mercado de US$ 35,1 bi, encontrou seu primeiro percalço na China. De acordo com pronunciamento do CEO John Wren nesta terça-feira (11), as entidades regulatórias chinesas foram as primeiras ao redor do mundo a não aprovar a união que dará origem ao Publicis Omnicom.

Ao anúncio da união, em agosto passado, os planos de ambas as partes era de que a nova empresa estaria atuando totalmente integrada ainda no primeiro semestre de 2014. As previsões se mantiveram depois da aprovação da fusão nos Estados Unidos, na Europa e em países como África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, Colômbia, Índia, Japão, México, Rússia, Turquia e Ucrânia. O “não” inicial da China, porém, pode atrasar a batida de martelo. As tratativas para sanar possíveis conflitos apontados pela China para que o negócio seja concretizado já tiveram início e, ainda de acordo com as declarações de Wren, em tom otimista, tudo deve se resolver no máximo até o começo do segundo semestre.

Curiosamente, a China é um dos poucos mercados em que a fusão não criará um domínio efetivo do Publicis Omnicom, que com seu nascimento deve ter, de início, cerca de 40% das verbas globais de marketing ligados às suas empresas. Considerando números de 2012, mesmo após a união, a holding seria apenas a segunda de maior penetração no mercado chinês, com faturamento de US$ 734 milhões, enquanto o inglês WPP, até então o maior conglomerado do mundo no setor, chegou à marca de US$ 971 milhões. Vale lembrar que foi também na China que a compra do Aegis pelo japonês Dentsu foi atrasada diante de pendências com os mesmos órgãos antitruste.

Após o OK da China, o nascimento operacional do Publicis Omnicom dependerá apenas do aval de seus acionistas – o que deve acontecer sem grandes ressalvas, já que até o momento não houve qualquer objeção formal. A fusão colocará sob mesmo comando muitas das principais redes de agências ao redor do globo, como BBH, Leo Burnett, Saatchi & Saatchi e Publicis Worldwide, pelo lado do Publicis Groupe; e DDB, BBDO e TBWA, oriundas do Omnicom.