Com 19 palestrantes e 1.015 trabalhos inscritos, avaliados por um júri formado por um total de 107 profissionais, será realizada nos próximos dias 3 e 4, em Berlim, a edição 2016 do Ciclope Festival. O nome representa uma figura da mitologia grega caracterizada por ter apenas um enorme olho no meio da testa.
A competição, lançada em Buenos Aires em 2010, especialmente para avaliar as áreas técnicas da produção audiovisual, se transferiu em 2013 para a capital alemã. A partir daí, ela vem se consolidando como um dos principais pontos de encontro do mercado internacional para discussões sobre evolução, problemas e desafios para cenas e sons espalhados nas inúmeras plataformas de mídia.
“A experiência em Berlim é muito positiva”, sintetiza Francisco Condorelli, fundador e diretor do Ciclope. “É definitivamente um lugar para ficar. Está no meio da Europa, é de fácil acesso e a cidade é muito atraente”, avalia. Segundo ele, o festival reforça a cada ano os próprios diferenciais, que são o de focar e premiar somente o que é “craft”. “Também fortalecemos a marca Ciclope como um espaço de networking e de conteúdo sobre as tendências de técnicas de audiovisual e suas relações com as marcas e produtos”, acrescenta Condorelli.
Condorelli estima neste ano um crescimento em torno de 15% nos números básicos do festival, tanto em termos de inscrições quanto de participantes. A previsão é receber 800 pessoas nos dois dias de programação.
Entre os 1.015 trabalhos inscritos, Estados Unidos (376), Reino Unido (212), Alemanha (50), França (47) e Austrália (43) são os cinco países com maior representatividade. O Brasil realizou 27 inscrições.
Os trabalhos disputam prêmios em cerca de 40 categorias de seis áreas diferentes, cada uma delas com um presidente de júri: Comerciais (Judy John/Leo Burnett), Branded Content (Thomas Benski/Pulse Films), Digital Experiences (Patrick Milling Smith/Here Be Dragons), Fashion Films (Christiane Dressler/Anorak), Sound (Lisette Nice/Factory) e Music Videos (Paul Weston/Colonel Blimp. Em cada uma das categorias poderá haver no máximo um prêmio de ouro, um de prata e um de bronze, além de um possível Grand Prix para cada área.
Os trabalhos foram avaliados online por um Grand Jury formado por 59 profissionais de agências e produtoras, entre eles os brasileiros Luiz Sanches, da AlmapBBDO, e o diretor Vellas, da Saigon Filmes; e por 48 integrantes do Executive Jury. O Grand Jury definiu um shortlist, que deverá ser divulgado nesta semana. Os prêmios aos finalistas serão escolhidos pelo júri presencial em Berlim, com os 48 nomes do júri executivo, incluindo os dos presidentes de cada área. Há três brasileiros neste grupo: Mateus de Paula Santos (Lobo/Vetor Zero), Kito Siqueira (Sattelite Audio) e Fernando Carvalho (Fat Bastards).
Mateus de Paula também participa de um dos painéis de conteúdo do festival, o Ciclope Latino Showcase, sobre uma apresentação regional que foi realizada, pela primeira vez, em julho passado, no México. O diretor da Lobo vai falar ao lado de Sally Campbell (Somesuch) e Brian O’Rourke (TBWAChiatDay), com moderação de Jamie Madge, editor do site Source Creative. Entre os destaques da programação também estão apresentações de John Hegarty (BBH) e do cineasta alemão Sebastian Schipper, do longa Victoria, drama sobre uma garota espanhola que vai morar em Berlim. Diretores de cena e produtores musicais estão igualmente no programa do festival, que dedica neste ano um bom destaque à área de música. “O conteúdo musical está mudando fronteiras com o consumidor. As marcas vão atrás desse conteúdo”, diz Corondelli.
Para o diretor do Ciclope, o grande desafio da área de “craft” atualmente é o mesmo de 50 anos atrás. “É manter a atenção das pessoas”, resume. Para ele, a série Narcos, da Netflix, é o melhor exemplo recente de superação desse desafio. “Narcos é bom em tudo, na cinematografia, no acting, na música e na maneira de filmar. O segredo do craft é ter habilidade de pegar a dose certa de cada item dentro de um coquetel de recursos. De alguma maneira, é como cozinhar. Você usa vários ingredientes, mas só saberá o resultado de fato quando sentir o sabor do que está comendo.”
O Ciclope 2016 tem parceria com 15 marcas, entre elas Audi City Berlin, Rabagast, Lift, Mamma Team, Tool, Blur, Framestore e FilmBrazil.