Nos últimos 12 anos, o número de títulos de revistas cresceu 234% e alcançou um público de 30 milhões de leitores. Mas a participação do meio revista no bolo publicitário vem apresentando queda gradativa nos últimos anos. Em 2000, ele tinha 10% da verba de publicidade e, hoje, possui 7,5%, atrás de TV e jornais.

“A participação delas deveria estar crescendo. É um meio poderoso”, avalia Thaís Chede, diretora geral de publicidade do Grupo Abril. Segundo dados apresentados pela executiva no V Fórum Aner de Revistas, realizado nesta segunda-feira (12), em São Paulo, o meio movimentou R$ 5 bilhões no último ano, com 21,9 milhões de exemplares vendidos mensalmente. Foram lançados 13 títulos no último ano e, só em 2011, 14 novos títulos chegaram ao mercado editorial. De acordo com o IVC (Instituto Verificador de Circulação), nos últimos 12 meses, o meio revista cresceu 5,1%, principalmente os títulos com valor de até R$ 5 (leia mais aqui).

Embora os números apontem ascensão, a perda de participação no bolo incomoda executivos do meio. “Vivemos uma encruzilhada. Temos um elefante na sala”, opina Daniela Falcão, diretora da Vogue. “Há angústia e incômodo em qualquer editor de revista. Nosso futuro não está absolutamente garantido”, diz. Para ela, o investimento em conteúdo e na valorização da marca das revistas são o passaporte para seguir adiante. Daniela ainda citou o caso do The New York Times, que manteve a verba de correspondentes internacionais em zonas de guerras, mesmo em períodos de crise, e hoje cobra pelo conteúdo disponibilizado na internet.

Cobrança de conteúdo

A integração com o meio digital e a possível monetização do material disponibilizado em plataformas móveis e na web foram apontadas por executivos dos principais veículos do País como consequência natural à gestão do negócio. “Mudou o temor de que o papel impresso desapareça. Já aceitamos tranquilamente o digital. Só temos que aprender a ganhar dinheiro com ele”, afirmou Roberto Muylaert, presidente da Aner.

Silvio Genesini, diretor do Grupo Estado, fez um comparativo com a indústria fonográfica, que, nos últimos anos, viu o declínio de seu negócio – principalmente pelas ferramentas de compartilhamento de múica na internet.“É fundamental que façamos sucesso de maneira casada com a mídia digital, algo que a indústria da música não conseguiu fazer”, avalia.

Youssef Mourad, ceo da Digital Pages, acredita que é preciso que anunciantes e mídia impressa desenvolvam novo modelo de negócio para o conteúdo disponibilizado em tablets, como uma forma de aumentar receita para ambas as partes. “Não é trocar dinheiro de bolsa, não funciona trazer anúncio do impresso para o digital”, afirma.

Segundo ele, um novo formato de venda de publicidade abre seara de negócio, mas inclui também melhorar a qualidade da internet comercial. “A internet inchou com modelo de publicidade bastante frágil”, avalia. Para Mourad, a integração entre as versões impressa e digital de uma revista tem que ser baseada num tripé que envolva conteúdo relevante, tecnologia adequada e modelo de negócio rentável para anunciantes e veículos.

por Keila Guimarães