Netflix registrou recorde de 18,9 milhões de novos assinantes no último trimestre de 2024

A Netflix terminou o último trimestre de 2024 com um recorde de 18,9 milhões de novos assinantes, e com uma receita de US$ 10,2 bilhões, um crescimento de 16% em relação ao mesmo período de 2023.

Os números são os maiores desde a pandemia da Covid-19, quando a plataforma conseguiu 15 milhões de assinantes no primeiro trimestre de 2020. Porém, em 2022, nos três primeiros meses, o streaming perdeu 200 mil usuários.

Não à toa, esse crescimento fez com que as ações da empresa subissem na Bolsa de Valores nesta quarta-feira (22), atingindo US$ 994,36. Com isso, o valor de mercado deve chegar a US$ 53 bilhões.

Um dos conteúdos que mais puxaram a audiência foram, além da segunda temporada de Round 6, as transmissões esportivas, responsáveis por impulsionar o boom de novas assinaturas.

Só em 2024 o streaming transmitiu a luta entre Mike Tyson e Jake Paul, a partida entre Rafael Nadal e Carlos Alcaraz e os jogos de Natal da NFL, além de outras competições, como um torneio de golfe entre atletas profissionais e pilotos de F-1.

Mike Tyson e Jake Paul: luta fez Netflix bater recorde (Reprodução)

O esportes têm sido uma boa aposta para a Netflix, tanto que a empresa resolveu jogar alto, e fechou um acordo com a Fifa para ser a responsável pela transmissão no streaming das Copa do Mundo Feminina de 2027, no Brasil, e de 2031.

Danielle Vilhena, diretora de projetos e operações de marcas da agência End to End, fala que ter as duas próximas edições da Copa do Mundo marca um momento 'emblemático' para a marca.

"É um reflexo do crescente interesse global pelo esporte, abrindo novas portas para a visibilidade e valorização do futebol feminino em uma plataforma de alcance de massa", destaca.

Descentralização
Há alguns anos, competições esportivas eram praticamente uma exclusividade da TV aberta. Com o surgimento dos streamings, o que aconteceu foi uma quebra desse monopólio, classificado como 'positivo' por Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolf Sports.

"Mas também a chance de se aprofundar mais na narrativa esportiva, nas estatísticas e nos bastidores", afirma. "Essa evolução está redefinindo a maneira como consumimos entretenimento esportivo”, complementa.

Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolf Sports: evolução está redefinindo o consumo do entretenimento esportivo (Fotos: Divulgação)

Para Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, o crescimento do streaming de vídeo no Brasil é resultado de uma série de fatores interligados, que vêm moldando o comportamento do consumidor.

"A capacidade das novas plataformas de oferecer um acesso fácil, rápido e flexível à uma ampla variedade de conteúdo de entretenimento e informação é um dos principais motivos pelos quais a procura por esses serviços disparou no país".

Rene Salviano: 'disputa pela audiência tende a aumentar' 

Também especialista em marketing esportivo — e professor da ESPM —, Ivan Martinho explica que o crescimento do mercado se dá também pelo surgimento de novas plataformas a cada mês com conteúdos diversos.

"Nesse aspecto, a disputa pela audiência tende a aumentar cada vez mais assim como o desafio de educar o consumidor sobre qual canal transmitirá determinado conteúdo”, finaliza.

Luta do recorde
Foi a luta entre Mike Tyson e Jake Paul, realizada em novembro do ano passado, o evento mais assistido do Netflix, com pico de 65 milhões de transmissões simultâneas, sendo 38 milhões apenas nos Estados Unidos.