Sorrell: o tempo dirá se ambas as culturas vão se encaixar e se haverá benefício aos clientes

 

O nascimento do Publicis Omnicom Groupe, fusão entre o americano Omnicom e o francês Publicis Groupe – segundo e terceiro maiores grupos de comunicação do mundo em receita –, anunciado neste domingo (28) (leia mais aqui), está gerando análises das mais diversas sobre o futuro da indústria, seja de consultores, clientes, economistas e especialistas em geral. As mais aguardadas, porém, são dos concorrentes – sobretudo da principal figura política ligada ao mercado: Martin Sorrell.

CEO do inglês WPP, até então maior holding global de comunicação, Sorrell preparou um breve discurso oficial sobre a negociação, porém, como sempre, afiado: “É um movimento extremamente arrojado, corajoso e surpreendente. É um grande acordo para o Publicis e Maurice (Lévy, CEO do Publicis) deve ser parabenizado. Mas isso resulta em uma menor proporção de presença em mercados de rápido crescimento e digital. O tempo dirá se ambas as culturas vão se encaixar e se haverá benefício aos clientes e em talentos – e se as formas de sinergia que reduzirão em US$ 500 milhões os gastos da nova empresa não vão gerar cortes de empregos. A estrutura de liderança com coCEOS também não é fácil”, apontou.

“Uma maior consolidação em nosso mercado era inevitável, como disse várias vezes. Um equilíbrio pode começar a ser estabilizado, o que vai gerar um ganho significativo em oportunidades para crescimento do WPP organicamente”, completou o CEO, driblando o questionamento sobre a possível ida às compras da holding inglesa para voltar ao topo. Em entrevistas pontuais para veículos ao redor do mundo, Sorrell está adotando a política da boa vizinhança em parabenizar os concorrentes pela negociação, mas sempre encontra uma maneira de mostrar, de forma sutil, certa desconfiança sobre o êxito total da operação. Entre os questionamentos levantados estão a diferença de postura dos aliados – enquanto Omnicom se dedicava em ampliar seus negócios já existentes, o Publicis foi agressivo em aquisições, sobretudo no digital e nos mercados de rápido crescimento, como citou Sorrell; e em um possível conflito e incomodo de alguns clientes globais, que poderiam “sobrar” no mercado e cair no colo de seu grupo.

Focado em uma análise mais interna do acontecimento, balanceando o que a fusão pode representar em seus negócios diretos, Michael Roth, CEO e chairman do Interpublic – controlador de redes como Lowe, McCann e Draftfcb –, ressaltou que “Nosso foco é e sempre será nos nossos clientes e pessoal – que são a força de nossa companhia. Não há nada diretamente relacionado a escala que garanta melhores ideias criativas ou uma melhor integração entre as disciplinas do marketing. Somos confiantes na qualidade e competitividade da nossa oferta de mídia e digital, além de bem posicionados em mercados emergentes. Por fim, ressalto que somos totalmente focados no sucesso de nossos clientes e nos manteremos assim, procurando aproveitar de forma positiva esse momento do mercado”.

*colaborou Kelly Dores