Rodrigues defendeu participação do cliente na concepção da estratégia

O consumidor é quem manda no cliente e na agência, pois ele é seu feedback e suas reações que ditam como a marca deve se comportar em termos de comunicação. Esse novo panorama é resultado da ascensão da classe média e das novas mídias na sociedade brasileira, de acordo com Hugo Rodrigues, CCO e COO da Publicis Brasil, que participou nesta segunda-feira (17) da segunda edição do projeto Arena do Marketing, realizado pela ESPM em parceria com a Folha de S.Paulo.

Acompanhado de Paulo Cunha, coordenador do curso de publicidade e propaganda da escola, e do jornalista Morris Kachani, Rodrigues falou sobre novas mídias e sobre os desafios da publicidade em um momento no qual considera a mídia e atenção do consumidor “fragmentada”. Para o CCO da Publicis, o consumidor brasileiro está mais exigente pois tem mais contato com as marcas e se habituou a o que elas têm a oferecer.

“O consumidor está mais exigente. Mais exigente e mais impaciente, e estou falando de todas as classes sociais. Todos conseguiram uma melhoria e exigem algo em troca”, disse o publicitário, chamando atenção para o fato de que o momento pós-venda deve ser melhor trabalhado pelas marcas. Segundo ele, o consumidor quer ser bem tratado e receber atenção das marcas com que interage, mas isso é algo que não ocorre de forma satisfatória no mercado brasileiro e que os anunciantes deixam a desejar na hora de cativar os consumidores.

Rodrigues também falou sobre as limitações da publicidade no que diz respeito ao entendimento dos anseios do consumidor. Para o publicitário, tecnologias de métricas e rastreamento de perfil ajudam no momento de planejar e criar, mas mesmo assim é impossível dialogar com a totalidade do público. “Na propaganda, o cérebro não é aritmético a ponto de sabermos o que a pessoa vai fazer. Temos que ter a humildade de saber que há possibilidades que não existem. Mas queremos ter tudo sobre controle. E o que aconteceu com a nossa profissão? Muitos viraram engenheiros da comunicação”, avaliou, defendendo uma abordagem mais humana da propaganda.

Ainda sobre esse ponto, comparou a publicidade atual da praticada 15 anos atrás, que considerou mais “transgressora” e menos “empacotada”. Por isso, defendeu que o cliente deve fazer parte do processo de concepção estratégica das agências. “Quem entende da marca é o cliente. A agência pode entender de comunicação, mas o cliente é o especialista, aquele que vive o DNA da marca”, afirmou.

Hugo Rodrigues foi o segundo convidado da Arena do Marketing. O primeiro foi Luiz Lara, sócio e chairman da Lew’LaraTBWA (leia mais aqui).