Seguíamos com nossas vidas normalmente, quando de repente tudo virou de cabeça para baixo. Fomos tomados de súbito por um evento social sem precedentes, que ressignificou as relações pessoais, comunitárias, e com o mundo como conhecíamos até então. Sendo ele o ‘Coopetir’.
Recentemente, finalizei a leitura do livro ‘A Lógica do Cisne Negro’, do autor libanês Nassin Nicholas Taleb, onde ele nos ensina que grandes eventos revolucionários são inevitáveis na história humana. E que, assim como eu acredito, crises são grandes oportunidades para o novo, são o impulso que move a humanidade para frente, e que tem o potencial de despertar o melhor em nós.
Mas, o que esse devaneio tem a ver com o tema deste artigo?
Toda vez em que me deparo com uma crise, minha escolha é clara e está sempre baseada na lógica da colaboração. Quando me deparo diante de dificuldades, e não encontro caminhos para saída, busco ajuda com quem está à minha volta, e que tem melhor experiência do que eu para me indicar um caminho, me devolver o ânimo, e me ensinar algo novo. E, dessa forma, a conquista nunca é só minha, mas sempre nossa. Um puxa o outro.
Como diretor de uma agência de comunicação e marketing, procuro o tempo todo reforçar esse valor para os colaboradores, parceiros e clientes, até porque promover trocas sinceras que sejam boas para todo mundo, é o nosso maior propósito. Se todos ganharmos juntos, todos teremos superado dificuldades, vibrado e aprendido juntos, e no fim das contas, eu ‒ no sentido do indivíduo e da empresa que represento ‒, serei também o grande vencedor.
Recentemente conheci o conceito de coopetiton, e isso explodiu minha cabeça! É competir, ao mesmo tempo em que colaboro para o crescimento de todos à minha volta! E isso não é simplesmente incrível?
Temos visto uma grande aula desse conceito aplicado na prática, nos Jogos Olímpicos mais desafiadores da nossa história, Tokyo 2020. Era a primeira vez do Street Skate nos jogos, um esporte por décadas marginalizado, e deliramos com a alegria expressa nos olhos das atletas de todas as partes do planeta, pelo simples fato de estarem ali, competindo, mas acima de tudo, elevando o nome do esporte para o qual se dedicam há tantos anos. Quem não desaguou em lágrimas ao ver a filipina Margielyn Didal, levantar nossa fada prateada, Rayssa Leal, no colo após a conquista daquela tão esperada medalha?
Ou, quem não encheu o coração de alegria com o delírio do italiano Gianmarco Tamberi, ao descobrir que poderia dividir a medalha de ouro com o catari Mutaz, feito inédito em 113 anos dos jogos, ou como Essa Barshim, na disputa do salto em altura? Quem viu a lenda viva Simone Biles, uma das maiores estrelas do esporte mundial de todos os tempos, mesmo combalida por um inesperado estresse mental, comemorar aos pulos a apresentação de ouro da nossa imortal Rebeca Andrade? O sucesso de um, representa também o sucesso do outro! Pois o amor pelo esporte é transbordado por meio dessa representação de cooperatividade.
Eu poderia seguir listando as centenas de exemplos que vi nesses últimos dias, atitudes que traduzem de forma impecável que, no exato momento em que escolhemos competir colaborando, ou colaborar competindo, estamos automaticamente movendo nosso mundo para frente, desenvolvendo a humanidade, nossas relações, propósito e, sob última análise, a nós mesmos.
Não vejo porque ser diferente nos negócios. Porque não colaborarmos cada vez mais entre nós, competidores, visando o sucesso de todos? Porque um precisa perder para o outro ganhar? Não podemos todos ganhar juntos?
Sei que esse pode ser um tema polêmico, alguns até podem chamar de utópico, mas é dessa forma que enxergo o mundo, e é sobre esse alicerce que construo projetos profissionais, familiares e pessoais. E podem acreditar em mim: coopetir é puro ouro!
Leandro Mosconi, sócio e diretor da Cross Networking