O segmento de live marketing, com certeza, foi um dos que mais esperaram a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014. No entanto, apenas as marcas ligadas ao evento conseguiram aproveitar o momento. “Começamos o ano com muita euforia, mas as ações promocionais, os eventos e as ativações não aconteceram como imaginávamos. Algumas empresas tiveram bons resultados, mas os organizadores blindaram o evento de uma forma que o mercado como um todo não pôde aproveitá-lo”, explicou Kito Mansano, presidente da Ampro (Associação de Marketing Promocional).
O Banco de Eventos foi uma das agências que conseguiu aproveitar o bom momento do evento esportivo. A empresa cresceu 27% em faturamento, em comparação a 2013. “Foram realizados mais de 80 projetos entre eventos, ativações, promoções, campanhas de incentivo, e outros. Tudo isso consolidou ainda mais o Banco de Eventos como uma das maiores agências multidisciplinares no mercado de live marketing”, disse Márcio Esher, diretor-geral do Banco de Eventos.
Para o Banco de Eventos, os trabalhos desenvolvidos para a Copa foram os que mais se destacaram: 64th Fifa Congress, Budweiser Hotel, Programa Craques Itaú, Hotel Hublot, Brahma Deck e a Promoção Arquibancada Itaú. “Sem dúvida, acabaram tendo maior destaque, não só por fazerem parte do maior evento esportivo do mundo, mas pela relevância que tiveram durante esse período”, contou Esher.
O Grupo Talkability, que engloba as agências Bullet Promo, Bullet Trade, Bullet Eventos e Inflama RIO, cresceu 16% em faturamento e 20% em rentabilidade, frente a 2013. Os resultados surpreenderam a direção da empresa: “Comparando com as minhas perspectivas de dezembro de 2013, superamos 300% – nada mal para um ano de incertezas. A Copa do Mundo foi, sem dúvida, uma aposta que tivemos que fazer com muito cuidado. Muitos entraram nela a qualquer preço e quebraram a cara. Entramos com muita cautela, escolhendo os projetos certos e nos demos bem. Foram 14 mega ativações apenas sob o tema Copa do Mundo”, explicou Fernando Figueiredo, CEO do Grupo Talkability.
Para a BFerraz, o ano foi de reestruturação. Bazinho Ferraz voltou à presidência da agência. Novos clientes foram conquistados e alguns antigos voltaram à casa, como Skol, Antarctica, Prevent Senior, Samsung e Petrobras. O crescimento foi de 11%. “É um novo tempo no mercado promocional e no mercado de comunicação. Os players mudaram e aumentaram, e os clientes enxergam o live marketing hoje como uma das ferramentas mais importantes na comunicação. Os anunciantes estão percebendo que o movimento da verba de mídia tradicional para ações promocionais e de live marketing amplia a possibilidade de estabelecer relacionamentos relevantes com os públicos de interesse”, falou Ferraz.
A Mood também está encerrando 2014 com crescimento – o índice é de 5%. “Fechamos a venda da agência para a TBWA, uma multinacional respeitada e que nos dá total liberdade, tanto criativa, quanto de gestão. Também foi o ano onde estruturamos a agência sob fortes lideranças em cada área, além de termos conquistado seis novos clientes – Giraffas, SportTV (projeto olímpico), Danone Baby Nutrition (ativação), Oster, Tostex e Sawari Jeans. Ainda posso destacar a consolidação da nossa área de convergência digital, que foi responsável por grandes cases. Só em 2014, conquistamos 13 prêmios em festivais de todo o mundo”, disse Augusto Cruz Neto, sócio e presidente da Mood.
Em conquistas políticas, o ano foi avaliado como positivo pela Ampro. Há sete anos brigando para acabar com a bitributação do setor, a entidade conseguiu levar a disputa para o STF (Supremo Tribunal Federal). “Se se ganha uma causa como essa, são colocados 20% a mais de dinheiro rodando no mercado”, disse Mansano. Para 2015, a entidade já prevê a realização do 2º Congresso de Live Marketing, no meio do ano.
O clima para o ano que vem é de espera, já que o quadro político tem muita influência na movimentação da economia. “Pela experiência, será um ano diferente. Não perdido, mas as empresas terão de se reposicionar, buscar alternativas”, contou Mansano. A expectativa é de crescimento em torno de 10%. “Esse mercado cresceu de forma agressiva nos últimos cinco anos. As empresas vão entender cada vez mais que precisam de ações, de convenções…”, disse Mansano.
Nas agências, a impressão é a mesma. “O Brasil passa por um momento político e econômico delicado, gerando insegurança no mercado como um todo e, consequentemente, na retração de investimento. Encaramos como mais um ano desafiador, com grandes e diversificados projetos em execução e ótimas oportunidades de crescimento”, falou Esher. “Ao contrário de 2013, termino este ano achando que 2015 será um grande momento para o nosso mercado. Temos uma demanda represada por conta de empresas que investiram pouco em 2014 por causa da Copa do Mundo e da crise econômica, mas que precisam retomar seus investimentos. Vários clientes já acenaram com um planejamento focado em vendas. Acredito muito que 2015 será um ano com mais carga no varejo e no resultado e menos em construção de marca”, opinou Figueiredo.
Na Mood, a expectativa é parecida. “Acredito que o mercado está muito apreensivo e permanecerá assim o ano todo. Será um ano duro e de oportunidades mais direcionadas à venda direta, como promoção, materiais e ações de ponto de venda, uma comunicação mais direta com o consumidor”, falou Cruz Neto. “Os clientes estão buscando um parceiro para o seu negócio que ofereça uma solução completa de comunicação, independente da plataforma e do local, mas comprometida com o resultado. A BFerraz se reestruturou para chegar em 2015 pronta para esses desafios atuais do mercado”, disse Ferraz.
Eventos crescem 14%
A realização da Copa do Mundo, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, tem atraído a atenção do mundo para o Brasil, mas não são apenas os grandes eventos esportivos que merecem destaque. O mercado em geral tem apresentado crescimento significativo de 14% ao ano. A Abeoc Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Eventos) e o Sebrae divulgaram, em outubro, o “2º Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos no Brasil”, que consolida os dados do mercado em 2013. De acordo com o estudo, no ano passado, o mercado de eventos movimentou R$ 209,2 bilhões, ou seja, 4,32% do PIB do Brasil. Os dados de 2001, apresentados na pesquisa anterior, realizada em 2002, apontavam movimentação de R$ 37 bilhões no setor, 3,1% do PIB daquele ano.
Desse faturamento, são R$ 37,81 bilhões referentes à alocação de espaços, R$ 72,22 bilhões das atividades das empresas organizadoras de eventos e R$ 99,26 bilhões relacionados a gastos dos participantes. De acordo com o estudo, o setor gera 7,5 milhões de empregos diretos, indiretos e terceirizados e contribui com R$ 48,69 bilhões em impostos.
Em 2013, foram realizados 590 mil eventos no Brasil, com a participação de 202,2 milhões de pessoas que gastaram R$ 99,3 bilhões, ou seja, média de R$ 161,80 por pessoa. Para fazer a divulgação dos eventos, os meios mais utilizados são os digitais: sites são usados em 84,4%, redes sociais em 66,5% e e-mail marketing em 46,6%. Os representantes de venda são usados em 34,4% dos casos. Também são usados para divulgar: revistas (30,3%), mala direta (28,8%), jornal (24,8%), rádio (18,2%), TV (14,5%), outdoor (14,4%) e mobile (7,9%).
Para 2015, o mercado está otimista. De acordo com Sergio Junqueira Arantes, especialista em eventos e diretor da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, o Barômetro da Indústria de Eventos indicou que 65,67% das empresas ouvidas têm uma perspectiva otimista para seus negócios em 2015. “Um bom prognóstico para um ano que ainda nem começou, mas se avizinha promissor”, disse.